Este é um espaço para discussão e informação sobre educação em suas diversas modalidades.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Jogos e Educação

*Amanda Tolomelli Brescia

Se você tem filhos, netos, sobrinhos ou contato com crianças e adolescentes já deve ter percebido o quanto a maneira de estudar e principalmente, de aprender destes estudantes é diferentes da dos adultos.

Esta diferença não se deve apenas ao fato deles serem jovens e crianças ainda, mas sim por eles terem nascido em uma geração que possui tecnologias avançadas de informação e comunicação, eles são conhecidos como nativos digitais. Estes nativos digitais esperam que as informações sejam de fácil acesso e que a qualquer momento eles encontrem pessoas ou maneiras de acessar ajuda no que estão fazendo.

Uma outra mudança que estamos vivendo em nossa sociedade é que as fronteiras entre trabalho, diversão e estudo estão desaparecendo nitidamente, sendo assim nós, os educadores, precisamos também repensar como ensinar (ou como auxiliá-los na busca da construção do conhecimento) de maneira que seja fácil a eles acessar-nos e obter as informações necessárias e de maneira completa.

Uma das possibilidades que é levantada hoje por alguns autores é a utilização de jogos digitais na educação. Com esta escolha estaríamos diminuindo as barreiras entre a diversão e o ensino e também contribuindo para uma maior motivação de nossos alunos.

Imagina a cena a seguir: João tem 12 anos, passa a manhã toda jogando seu vídeo game de última geração, com gráficos muito bem desenhados, com som, movimentos reais, muitas cores, etc. Ele joga uma aventura que requer dele: muito raciocínio; perceber as sutilezas do jogo e as minúcias de cada “fase”. Ao meio dia ele toma banho, almoça e vai para a escola. Nesta, ele senta em uma cadeira desconfortável, lê livros densos, de temas que não lhe interessam, principalmente porque são descontextualizados de sua realidade e escuta a professora proferir sua aula expositiva (também descontextualizada). Você acredita mesmo que João estaria prestando atenção nesta aula? Ou estaria pensando em como vencer mais aquele desafio em seu jogo?

Mas, como levar para a sala de aula o jogo que ele estava utilizando e assim conseguir motivá-lo a aprender as matérias formais do currículo escolar? Isto não é necessário, mas sabemos de jogos que retratam tempos passados, retratam guerras que já aconteceram ou ainda que poderão acontecer. Realizar uma reflexão baseada nestes jogos não é uma opção para prender a atenção destes estudantes? Há também, jogos e programas de computadores que auxiliam no ensino da Matemática, tornando-a mais atrativa, sem falar nas possibilidades existentes para o ensino de Ciências e Geografia,

Os jogos digitais ensinam aos nossos estudantes algumas habilidades que são essenciais nos profissionais que o mercado de trabalho tem exigido, como o trabalho em grupo, a colaboração, a inovação, iniciativa, o senso crítico, tomar decisões rápidas e manter as decisões, mesmo quando parece que ela não foi a melhor escolha. Refletindo honestamente, no que a escola tem contribuído para a criação deste perfil profissional?

João Mattar possui um livro publicado sobre esta temática, que se chama “Games em educação: como os nativos digitais aprendem” que eu recomendaria a todos os pais, educadores e demais interessados nesta temática como leitura obrigatória antes de qualquer crítica aos vídeo games e computadores. Neste livro, por exemplo, o autor cita que enquanto nossos estudantes estão jogando, eles estão vivenciando os princípios básicos do método científico, que é composto de exploração, formulação de hipóteses, testes e reformulação das hipóteses.

Um exemplo de “jogo” que é muito utilizado na educação, inclusive em empresas que trabalham com Educação a Distância é o Second Life (mesmo este não sendo realmente um jogo que possui desafios a serem superados, objetivos a serem cumpridos). Ele é um mundo virtual, onde o jogador (no nosso caso, o estudante) constrói tudo da maneira que mais lhe apraz. Ele pode ser usado como um ambiente de interação, construção do conhecimento e de intercâmbio com outros estados do Brasil e até mesmo outros países.

Vale a pena construir uma comunidade com seus estudantes e explorar melhor este ambiente que pode ser utilizado no ensino de diversas disciplinas e também dos temas transversais, que os professores encontram tanta dificuldade de introduzir no currículo.

Este é apenas um exemplo, mas temos também muitos jogos que auxiliam no ensino da matemática, de português, de inglês, e das demais disciplinas. Porque não, ao invés de perguntar aos nossos estudantes, qual livro eles estão lendo, reformular para “qual jogo estão jogando?” Pense nisso!

* Graduada em Pedagogia pela Universidade do Estado de Minas Gerais (2007), Especialista em Gestão de Pessoas e Projetos Sociais pela Universidade Federal de Itajubá pelo projeto UAB (2009) e atualmente cursando especialização em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância pela Universidade Federal Fluminense (2010). É autora de materiais didáticos para cursos a distância, tutora a distância e possui experiência como Orientadora Pedagógica de EaD. Atua também como tutora a distância no curso de especialização lato sensu em Produção de Material Didático para a Diversidade pela Universidade Federal de Lavras, em parceria com a UAB e co-responsável pela coordenação pedagógica do E-tec do CEFET-MG. É aluna regular do Mestrado em Educação Tecnológica do CEFET-MG.

Nenhum comentário:

Postar um comentário