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segunda-feira, 4 de julho de 2011

A história da EaD

*Amanda Tolomelli Brescia

A Educação a Distância é uma “nova” modalidade de ensino. Mas, porque utilizarmos a palavra “nova” entre aspas? Porque ela está em amplo crescimento agora, mas não é tão nova quanto podemos imaginar. A EaD surge juntamente com invenção da escrita. Pois, é a partir do momento em que a escrita é inventada que torna-se possível a libertação da comunicação no espaço e no tempo. Ao desenhar nas paredes das cavernas, os homens daquela época já começariam a executar a Educação a Distância, tornando possível a comunicação fora do tempo definido como “agora”.

Um dos primeiros registros que encontramos sobre a EaD mais sistematizada foi em março de 1728, nos Estados Unidos, onde um jornal (Gazzete de Boston) publicou um anúncio de aulas por correspondência. A partir deste anúncio, o aluno recebia semanalmente via correio suas lições. Posteriormente, temos em 1840, na Grã-Bretanha um curso de taquigrafia por correspondência, e também registros de cursos preparatórios para concursos, cursos de contabilidade e de segurança de minas, todos dos anos de 1800.

Em meados do século passado, algumas universidades, ainda fora do Brasil, começam a oferecer cursos de extensão, como em 1924, que a Fritz Reinhardt cria a Escola Alemã de Negócios, que utilizava correspondências. A educação a distância utilizando como ferramenta o rádio, começa a surgir em meados de 1928, com a BBC promovendo cursos para a educação de jovens e adultos.

O grande impulso da EaD no mundo dá-se por volta da década de 60, quando ocorre a institucionalização de diversas ações nos campos da educação secundária e superior, começando na França e Inglaterra e espalhando para o restante do mundo.

Mas e no Brasil, como começa? Bem, no Brasil a EaD é marcada por inúmeros casos de sucesso, mas também períodos de estagnação, devido à falta de políticas públicas para o setor.

Alguns autores fazem referência do surgimento da EaD no Brasil antes de 1900, com anúncios em jornais oferecendo cursos profissionalizantes por correspondência, sendo estes, cursos de datilografia. O marco oficial do surgimento da Educação a Distância, porém, foi o estabelecimento das Escolas Internacionais, em 1904, que funcionava como filial de uma escola norte-americana, sendo que tal instituição existe até hoje. Os cursos oferecidos visavam à busca por melhores empregos, principalmente nas áreas de comércio e serviços. O ensino acontecia com remessas de materiais didáticos pelo correio.

O rádio, no Brasil, começa a ser utilizado em 1923, com a fundação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Esta ação teve pleno êxito, mas preocupava os governantes da época, que acreditavam que os programas poderiam veicular mensagens subversivas. O objetivo central desta rádio era promover a educação popular. Com o aumento da preocupação dos governantes e da pressão exercida pelo poder público, em 1936, a rádio foi doada ao Ministério da Educação e Saúde, que criou em 1937 o Serviço de Radiodifusão Educativo do Ministério da Educação.

Em 1969, os sistemas desenvolvidos até então de rádio educativo foram abortados pela censura existente na época. Com o declínio desta ferramenta de EaD, outra ganha força, a TV Educativa. Algumas ações foram realizadas desde então, sendo que uma das mais conhecidas é a iniciativa da Fundação Roberto Marinho que criou alguns programas de sucesso, como os telecursos que até hoje atendem um número inimaginável de pessoas em todo o território nacional.

Quem tem mais de 30 anos, certamente passou sua infância e adolescência vendo anúncios do Instituto Universal Brasileiro, que também oferecia cursos por correspondência, de praticamente tudo, em todos os campos do conhecimento, desde o ensino formal até o técnico, sendo esta também é uma maneira de implantar a Educação a Distância.

E hoje, qual a principal ferramenta para a difusão da Educação a Distância utilizada pelas instituições brasileiras? A internet! Os computadores chegaram ao Brasil por meados da década de 70, com imensos equipamentos, mantidos a altíssimos custos, barateando conforme o tempo, chegando hoje a cifras bem mais acessíveis à população.

A interação online, que existe a partir dos computadores com acesso à internet, facilita a proximidade do professor com o estudante na Educação a Distância, fazendo com que ambos se sintam apoiados, próximos e com um canal de comunicação limpo e aberto.

O estudante da EaD deve aprender a aprender da maneira que mais lhe apraz; ter uma postura diferenciada do estudante do ensino presencial (porém, esta é uma discussão que teremos mais pra frente, neste espaço) e interagir à partir das novas tecnologias de interação e comunicação com o professor: o ambiente de aprendizagem, o material e os colegas que estão realizando o curso juntamente com ele.

Hoje em dia, para que um modelo de Educação a Distância funcione em qualquer instituição, é necessário que existam alguns fatores básicos: como o desenvolvimento e especialização do professor tutor, a criação da autonomia dos estudantes, um ambiente de aprendizagem (software) que funcione bem, um material didático construído especialmente para a modalidade e um apoio institucional que é um dos fatores primordiais para o sucesso desta empreitada.

A partir do desenvolvimento das redes de aprendizagem, a interação começa a crescer entre os estudantes desta modalidade, podendo os mesmos firmar contatos entre eles assincronamente (em tempos diferentes, a partir de fóruns de discussões, por exemplo) ou sincronamente (a partir de salas virtuais de bate papo, por exemplo).

* Graduada em Pedagogia pela Universidade do Estado de Minas Gerais (2007), Especialista em Gestão de Pessoas e Projetos Sociais pela Universidade Federal de Itajubá pelo projeto UAB (2009) e atualmente cursando especialização em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância pela Universidade Federal Fluminense (2010). É autora de materiais didáticos para cursos a distância, tutora a distância e possui experiência como Orientadora Pedagógica de EaD. Atua também como tutora a distância no curso de especialização lato sensu em Produção de Material Didático para a Diversidade pela Universidade Federal de Lavras, em parceria com a UAB e co-responsável pela coordenação pedagógica do E-tec do CEFET-MG. É aluna regular do Mestrado em Educação Tecnológica do CEFET-MG.

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