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quarta-feira, 27 de julho de 2011

A importância da afetividade no relacionamento virtual

Autores: Valquiria Silva / Eveline Calabresi / Maykon Andersom / Claudia Carrera Diniz / Renata Coelho

As relações entre professor-aluno e aluno-aluno sempre foram e sempre serão motivos de preocupação das pessoas relacionadas com educação, visto que não há dúvidas que estas relações influenciam diretamente no processo de ensino aprendizagem.

As pessoas, de um modo geral, necessitam se relacionar. Desde os primórdios, quando os seres humanos começaram a viver em sociedade, procuram maneiras de melhorar essas relações, daí surgiram, por exemplo, as regras, que mais tarde viraram leis que auxiliaram nesse processo.

A partir da evolução da cultura humana, afetividade começou a ter um papel muito importante nas relações interpessoais. Afetividade esta, que já começa no âmbito familiar, onde as pessoas já ao nascerem, são acolhidas por laços afetivos que duram a vida inteira.

A afetividade no contexto social e educacional

O desenvolvimento humano não acontece somente relacionado aos aspectos cognitivos, mas também e principalmente aos aspectos afetivos. O homem precisa ser ouvido, acolhido e valorizado, e isso contribui para a construção da sua auto estima, para que se sintam confiantes para enfrentar os desafios. Então, a importância de uma relação está nas pessoas envolvidas, seja na sala de aula, em casa, no trabalho, na academia, etc.

No âmbito educacional não é diferente. As grandes correntes pedagógicas passaram a reconhecer a importância da afetividade nas atividades cognitivas e defender que afetividade e inteligência se fundem: a consciência afetiva dá origem à atividade cognitiva. A relação professor-aluno deve ser a mais próxima possível, baseada na partilha de sentimentos e respeito mútuo. O vínculo afetivo é um grande facilitador no processo ensino-aprendizagem, pois na criação deste vínculo o aluno passa a não se sentir sozinho, se sentirá acolhido, e quando o conteúdo é apresentado, as dificuldades são logo percebidas e aceitas como parte do processo de ensino-aprendizagem, auxiliando na superação das dificuldades e facilitando assim o aprendizado. A afetividade tanto no contexto social como educacional pode tornar as relações mais produtivas, pois se estiver aliada a sentimentos de respeito, gentilezas, compreensão, etc., pode fazer com que o relacionamento se torne mais próximo e as interações permitam mais e melhores trocas.

A afetividade nas relações interpessoais

As relações interpessoais estão condicionadas ao contexto sócio-cultural. A convivência das pessoas do grupo e o contato com diferentes grupos sociais possibilita a construção do auto-conceito da pessoa. Através do auto-conceito a pessoa reflete suas ações e a forma como é percebida e tratada pelas outras pessoas.

A convivência em grupos diversificados que contribuem com a formação das pessoas. Por isso nas relações interpessoais, as pessoas que se sentem inferiores ou discriminadas, acabam se tornando hostis ou indiferentes, já as que se sentem acolhidas se sentem confiantes e otimistas para enfrentar os desafios, são alegres e determinadas. A qualidade das interações ocorridas no grupo é que poderá levar a pessoa ao desenvolvimento de suas capacidades, sejam elas cognitivas ou afetivas.

Na educação torna-se claro a importância das relações interpessoais e afetividade no processo ensino-aprendizagem. O desenvolvimento do ser humano acontece por meio da interação entre suas condições biológicas, sociais, históricas e culturais.

A afetividade na comunicação/interação em uma sala de aula virtual

Existem vários estudos que apontam a importância dessa primeira relação de afetividade no processo de ensino-aprendizagem. Na modalidade de EaD podemos dizer que é mais difícil criar um vínculo afetivo entre os alunos e também na relação professor-aluno do que quando eles estão todos juntos em sala de aula, numa convivência diária, porém na educação à distância o afeto torna-se ainda mais necessário para o sucesso desse processo.

É presumível exprimir que as afetividades num Ambiente Virtual de aprendizagem (AVA) pode ter um componente fantasioso ainda maior, por envolver a falta de elementos sensoriais que são substituídos por formações arquetípicas de cada indivíduo formando uma pseudo-forma do outro. Este fenômeno pode-se discutir, torna as questões afetivas muito complexas e ricas.

A comunicação/interação do professor ou do tutor com o aluno é primordial para que o aluno se sinta acolhido, que suas dúvidas sejam sanadas, que ele não se sinta sozinho, que ele se sinta estimulado e confiante nas tarefas que tem que enfrentar no curso. A comunicação/interação com os outros alunos é a troca esperada de informações e experiências do mundo escolar e social. Quando estão em grupos o desenvolvimento da afetividade ocorre com maior frequência. Baseado nessas considerações uma sala virtual deve disponibilizar espaços para essas interatividades formais ou informais, como usar fóruns, chats, desenvolvimento de tarefas em grupos, etc.

Dificuldades para promover a afetividade em uma sala de aula virtual

Em EaD, quando unimos a tecnologia a uma proposta pedagógica baseada na interação, no aprender a aprender, na afetividade, é de suma importância que se pense além da técnica e enxergue o ser humano que está atrás do computador.

Para o docente, muitas vezes, as antipatias e discussões oriundas de desentendimentos de falas é um grande desafio. A falta de habilidades com os tratamentos em ambientes virtuais pode ser um fator a gerar desafetos e discordâncias que podem comprometer fundamentalmente a harmonia do grupo gerado. Assuntos não interessantes ou não relevantes ao curso podem causar irritação ou desânimo.

Nos ambientes virtuais, as relações afetivas podem parecer frias e desprovidas de qualquer aproximação maior. A distância do professor/tutor ou mesmo do aluno no processo de aprendizagem pode causar desânimo ou indiferença. Contudo, mesmo uma observação amadora comprova que afetividades, afinidades e antipatias se criam igualmente a uma situação convencional de um convívio social regular.

O comportamento afetivo

O comportamento afetivo influencia profundamente o desenvolvimento intelectual, pois o desenvolvimento humano tem um elemento cognitivo e outro afetivo que se desenvolvem paralelamente, a cognição e a afetividade estão ligados, se interagem, e a afetividade é o combustível para o desenvolvimento da inteligência, acelerando ou diminuindo a velocidade do desenvolvimento.

No processo ensino-aprendizagem é fundamental que o professor crie vínculos com o aluno e, para isso, deve-se tratá-lo de forma individual e afetiva. O professor deve observar seus talentos, suas potencialidade, seus dons e sua história de vida. Tratá-lo pelo nome, mostrar preocupação pelos seus problemas e elogiá-lo pelo seu trabalho. Esse comportamento afetivo é que faz com que elos sejam criados e liguem afetivamente professor e aluno.

Relação afeto, cognição e inteligência

É impossível ter afetividade sem a sua ligação a elementos cognitivos, ou mesmo ter elementos cognitivos sem ligação com o afeto. A afetividade está intimamente ligada à construção da auto-estima. Se essa auto-estima é positiva, a pessoa tem uma boa imagem de si, acredita que outras pessoas gostam e confiam nela, mas se for negativa, a pessoa achará que não gostam e não acreditam nela.

A pessoa que tem uma boa auto-estima aprende com mais facilidade, enfrenta suas tarefas de aprendizagem com confiança em si mesmo, provavelmente terá bom desempenho, o que reforça bons sentimentos, pois a cada sucesso ela se considera mais competente, sua capacidade de enfrentar desafios é maior e torna-se psicologicamente mais saudável. Já quem tem uma auto-estima negativa, teme situações que possam expor seus sentimentos e pensamentos, já se sente um fracassado ou incompetente. A afetividade é uma das peças chave no processo ensino-aprendizagem, através do vínculo afetivo criado na relação professor-aluno e aluno-aluno, o aluno passa a ter um sentimento que irá nortear sua aprendizagem.

Reflexão e análise das relações afetivas na sala de aula virtual

Em ambas as modalidades de ensino, presencial e a distância existem falhas de comunicação, desafetos e relações afetivas, a diferença se apresenta no tratamento que cada uma recebe, o professor em qualquer modalidade deve ser atuante não só na construção de estratégias e meios de comunicação capazes de levar até os alunos as orientações do professor, mas deve também ser mediador e usar elementos facilitadores do processo educativo, numa efetiva aprendizagem.

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