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sábado, 12 de fevereiro de 2011

EMPREENDEDORISMO & INOVAÇÃO: PARA QUE?

Autora: Ana Carolina de Paula da Silva*


O mundo globalizado é de fato uma realidade.

O capitalismo acirrado, as grandes disputas de mercado e as pequenas também. Bilhões de pessoas por todo o mundo que lutam por um lugar ao sol. Uma posição digna na sociedade.

Pessoas que lutam por conseguir um emprego ou trabalho com remuneração justa. E depois que o conseguem, lutam para nele se manter. A chance de um indivíduo sobreviver de seu próprio esforço, por intermédio de um trabalho justo, como remuneração justa cada vez mais complicada.

Esse novo cenário mundial, que pode ser apreciado nos noticiários desde o amanhecer, nos mostra o reflexo de uma sociedade que a cada dia convive mais e mais com a desigualdade social, com a má distribuição de renda, com um sem número de pessoas que vivem à margem da sociedade, a maioria já sem perspectivas.

Está é uma realidade difícil para a maioria das pessoas. E não é essa a realidade que o capitalismo deseje, embora seja responsável por ela. O sistema capitalista, ao contrário, precisa de moeda circulando no mercado. Precisa cada vez mais pessoas consumindo para assim obter o lucro que o move.

A busca desse locus social, ou seja, de um lugar na sociedade contemporânea, se dá por intermédio principal do emprego e renda, uma vez que a base da nossa organização é pautada no capitalismo. Sem renda a sobrevivência é quase impossível.

Todavia, tem se tornado cada vez mais difícil alcançar um emprego. Os níveis de escolarização estão ficando cada vez maiores, acirrando ainda mais essa disputa. Contudo, as grandes empresas hoje, não buscam apenas por formação.

Não somente as grandes, mas também as pequenas, médias e micro-empresas esperam encontrar profissionais polivalentes, dinâmicos, cheios de perspectiva e visão de futuro.

Profissionais criativos, cooperativos e colaborativos. Capazes de mediar situações adversas e administrar conflitos. Profissionais dedicados ao crescimento da empresa, capazes de contribuir com ela como se fosse sua, não se preocupando com o fato de ser apenas um empregado.

As pessoas hoje em dia, são muito valorizadas pelo conhecimento que possuem, embora isso não seja o suficiente.

Além do conhecimento, a valorização do indivíduo relaciona-se, sobretudo, à sua capacidade de gerenciá-los, dividi-los com outras pessoas. Apropriar-se desses conhecimentos e só assim bem utilizá-los em benefício próprio, inovando e empreendendo através deles.

O mundo globalizado e o mercado de trabalho buscam incansavelmente pelo empreendedorismo e a inovação. Isso porque acredita-se que o indivíduo que possua essas competências esteja mais apto a lidar com as inconstâncias e adversidades do mundo atual, consequentemente tornando-se mais competitivo também.

Assim, o indivíduo capaz de empreender e inovar é tido como aquele capaz de contribuir significativamente para o desenvolvimento de uma empresa. Quanto a isso é Dornelas (2001, apud Pellissari & Pietrovski. 2005. p. 2) que complementa dizendo que

o momento atual pode ser chamado de a era do empreendedorismo, pois são os empreendedores que estão eliminando barreiras comerciais e culturais, encurtando distâncias, globalizando e renovando os conceitos econômicos, criando novas relações de trabalho e novos empregos, quebrando paradigmas e gerando riqueza para a sociedade.

Inicialmente o empreendedorismo surgiu como uma forma de estimular o crescimento de empresas. Contudo, seu conceito é bem mais amplo. Conforme Barreto (apud Ferrari et alli , 2001, p. 2)

Empreendedorismo é a habilidade de criar e constituir algo a partir de muito pouco ou do quase nada. Fundamentalmente, o empreender é um ato criativo. É a concentração de energia no iniciar e continuar um empreendimento. É o desenvolver de uma organização em oposição a observá-la, analisá-la ou descrevê-la. Mas é também a sensibilidade individual para perceber uma oportunidade quando outros enxergam caos, contradição e confusão. É o possuir de competências para descobrir e controlar recursos aplicando-o de forma criativa.

Em vista de todas essas características o empreendedorismo tem ganhado tanto destaque e importância que deixou de ser visto apenas como uma qualidade relacionada ao mundo empresarial.

Atualmente o empreendedorismo passou a ser considerado como uma característica fundamental que “(...) se apresentará nesse século como uma verdadeira revolução social, comparada à Revolução Industrial do século passado.” (Terra, 2008. p. 1). Diante disso, Pellissari & Pietrovski ( 2005. p. 2) afirmam que

o momento atual é propício para o surgimento de novos empreendedores, fortalecendo o seu papel na sociedade, participante das mudanças e inovações, com traços marcantes e característicos em sua personalidade.

O termo empreendedorismo está intimamente ligado à inovação. No tocante a essa relação, Kaufmann (1990 apud Cruz Junior, 2006, p. 6) ressalta que

“(...) a capacidade empreendedora está na habilidade de inovar, de se expor a riscos de maneira inteligente, e de se ajustar às rápidas e contínuas mudanças do ambiente de forma rápida e eficiente”.

Se a capacidade de empreender se constrói na habilidade de inovar, é possível dizer que ambas se complementam.

Em meio a competitividade a inovação surge como uma importante ferramenta, capaz de promover a valorização do indivíduo. Fica difícil compreender o empreendedorismo sem a inovação. Há uma espécie de interdependência entre ambos, uma necessidade. E pode-se ir mais além, dizendo que para ser empreendedor, é preciso antes ser inovador.

Diante disso, fica evidente a necessidade do empreendedorismo e da inovação frente do cenário mundial atual. Necessidades que surgem como forma do indivíduo buscar o seu lugar na sociedade e nela se inserir.

O empreendedorismo e a inovação estão ligados à criatividade, à novidade, ao sucesso pessoal e ao desenvolvimento individual e coletivo. Ambos são palavras-chave para quem precisa viver e sobreviver no mundo globalizado.

* Pedagoga (Universidade Federal de São João Del Rei), Especialista em Educação Empreendedora (Universidade Federal de São João Del Rei), Gestão Pública Municipal Integrada (Universidade federal de Juiz de Fora) e em Alfabetização e Letramento (Universidade Federal de São João Del Rei), professora da rede municipal de São João Dei Rei/MG, com vasta experiência em Educação Infantil, direção e planejamento escolar.



Referências:

FERRARI, Fernanda B. & outros. O ensino a distância como uma ferramenta para empreender na educação. In: XXIX Congresso Brasileiro de Ensino de Engenharia, 2001, Porto Alegre. Experiências Concretas no Ensino de Engenharia - COBENGE 2001.

TERRA, Branca. O empreendedorismo e a inovação tecnológica. 2008. Artigo disponível em http://www.venturecapital.gov.br/vcn/empreendedorismo_CR.asp - 35k - Acesso em 21/10/08.

PELLISSARI, João Marcos Moretti & PIETROVISK, Eliane Fernandes. Incubadora – papel fundamental na vida de um jovem empreendedor. Curitiba. 2005. Artigo disponível em: http://www.pg.cefetpr.br/setor/incubadora/wp-content/themes/3o_epege/Incubadora%20papel%20fundamental_Joao%20Marcos%20Pelissari.pdf. Acesso em 23/03/09





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