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sábado, 21 de maio de 2011

AVALIAÇÃO EDUCACIONAL: UMA REFLEXÃO

REGINA CELIA ADAMUZ*

          Atualmente, muito se tem discutido sobre a avaliação no contexto escolar. Busca-se uma verdadeira definição para o seu significado, justamente porque esse tem sido um dos aspectos mais problemáticos na prática pedagógica.

          Apesar de ser a avaliação uma prática social ampla, pela própria capacidade que o ser humano tem de observar, refletir e julgar, na escola sua dimensão não tem sido muito clara. Ela vem sendo utilizada ao longo das décadas como atribuição de notas, visando a promoção ou reprovação do aluno.

          Sabe-se que a educação é um direito de todos os cidadãos, assegurando-se a igualdade de oportunidades (Constituição Brasileira). Inseridas neste contexto, ao estudarem, as pessoas passam muitas e muitas vezes pela avaliação, cujos aspectos legais norteiam o processo educacional através dos regimentos escolares. Assim, as avaliações são tidas como obrigatórias e, através delas, é expresso o "feedback" pelo qual se define o caminho para atingir os objetivos pessoais e sociais.

          Hoje a avaliação, conforme define Luckesi (1996, p. 33), "é como um julgamento de valor sobre manifestações relevantes da realidade, tendo em vista  uma tomada de decisão". Ou seja, ela implica um juízo valorativo que expressa qualidade do objeto, obrigando, conseqüentemente, a um posicionamento efetivo sobre o mesmo.

          A avaliação no contexto educativo, quer se dirija ao sistema em seu conjunto quer a qualquer de seus componentes, corresponde a uma finalidade que, na maioria das vezes, implica tomar uma série de decisões relativas ao objeto avaliado.

          A finalidade da avaliação é um aspecto crucial, já que determina, em grande parte, o tipo de informações consideradas pertinentes para analisar os critérios tomados como pontos de referência, os instrumentos utilizados no cotidiano da atividade avaliativa.

          Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcançar com seus alunos. Nesse sentido, a avaliação muitas vezes tem sido utilizada mais como instrumento de poder nas mãos do professor, do que como feedback para os seus alunos e para o seu
próprio trabalho. Na realidade, é comum ouvir dos professores, os famosos "chavões" sempre indicando o desempenho ruim de alguns alunos, esquecendo-se de que esse desempenho pode estar ligado a outros fatores que não só o contexto escolar.

          Segundo Sant'Anna (1995, p. 27), "há professores radicais em suas opiniões, só eles sabem, o aluno é imbecil, cuja presença só serve para garantir o miserável salário detentor do poder".

          Nos dias de hoje, sabe-se que o professor tem "fortes concorrentes": a televisão, videocassete, computador, e aquele, em contrapartida, na sala de aula, tem o quadro negro e o giz. Não seria pertinente  pensar na questão da utilização dos recursos no dia-a-dia, explorando mais o que o aluno tem fora, em casa, não só para as suas aulas, mas também para o processo de avaliação? Ezpeleta & Rockwell (1986, p. 25) declaram que "o conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um grupo de criança, incorpora necessariamente elementos de outros domínios de sua vida".

          Na realidade, muitos professores fazem uso da avaliação, cobrando conteúdos aprendidos de formas mecânicas, sem muito significado para o aluno. Chegam  até mesmo a utilizar a ameaça, vangloriam-se de reprovar a classe  toda e/ou realizar vingança contra os alunos inquietos, desinteressados, desrespeitosos, levando estes e seus familiares ao desespero.

          Enfatiza Hoffmann (1993) que geralmente os professores se utilizam da avaliação para verificar o rendimento dos alunos, classificando-os como bons, ruins, aprovados e reprovados. Na avaliação com função simplesmente classificatória, todos os instrumentos são utilizados para aprovar ou reprovar o aluno, revelando um lado ruim da escola, a exclusão. Segundo a autora, isso acontece pela falta de compreensão de alguns professores sobre o sentido da avaliação, reflexo de sua história de vida como aluno e professor.

          De acordo com Moretto (1996, p. 1) a avaliação tem sido um processo angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como recurso de repressão
e alunos que identificam a avaliação como o "momento de acertos de contas", "a hora da verdade", "a hora da tortura".

          Percebe-se que a avaliação tem sido utilizada de forma equivocada pelos professores. Estes dão sua sentença final de acordo com o desempenho do aluno.

          Luckesi (1996) alerta que a avaliação com função classificatória não auxilia em nada o avanço e o crescimento do aluno e do professor, pois constitui-se num instrumento estático e frenador de todo o processo educativo. Segundo o autor, a avaliação com função diagnóstica, ao contrário da classificatória, constitui-se num momento dialético do processo de avançar no desenvolvimento da ação e do crescimento da autonomia.

          Essa problemática em torno da avaliação ocorre não só na educação infantil, mas no ensino regular, médio e superior. E a exigência de um processo formal de avaliação surge por pressões das famílias.

          Exercendo a função de avaliador, deve-se ter claro o desenvolvimento integral do aluno pois, segundo Jersild (apud Sant"Anna, 1995, p. 24, "a autocompreensão e a auto aceitação do professor constituem o requisito mais importante em todo o esforço destinado a ajudar os alunos a se compreenderem e forjar neles atitudes sadias de auto-aceitação".

          O professor deve ver seu aluno como um ser social e político, construtor do seu próprio conhecimento. Deve percebê-lo como alguém capaz de estabelecer uma relação cognitiva e afetiva com o seu meio, mantendo uma ação interativa capaz de uma transformação libertadora e propiciando uma vivência harmoniosa com a realidade pessoal e social que o envolve. O professor deverá, ainda, ser o "mediador" entre o aluno e o conhecimento, proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados. Assim, nessa visão, o professor deixa de ser considerado "o dono do saber" e o aluno, um mero receptor de informações.

          O ato de avaliar não pode ser entendido como um momento final do processo em que  se verifica o que o aluno alcançou. A questão não está, portanto, em tentar uniformizar o comportamento do aluno, mas em criar condições de aprendizagem que permitam
a ele, qualquer que seja seu nível, evoluir na construção de seu conhecimento.

          A avaliação tem um significado muito profundo, à medida que oportuniza a todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexão sobre a própria prática. Através dela, direciona o trabalho, privilegiando o aluno como um todo, como um ser social com suas necessidades próprias e também possuidor de experiências que devem ser valorizadas na escola. Devem ser oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela humanidade.

          Nesse sentido, faz-se necessário redimensionar a prática de avaliação no contexto escolar. Então, não só o aluno, mas o professor e todos os envolvidos na prática pedagógica podem, através dela, refletir sobre sua própria evolução na construção do conhecimento.

          O educador deve ter, portanto, um conhecimento mais aprofundado da realidade na qual vai atuar, para que o seu trabalho seja dinâmico, criativo, inovador. Assim, colabora para um sistema de avaliação mais justo que não exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem, mas o inclua como um ser crítico, ativo e participante dos momentos de transformação da sociedade.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Constituição.  Constituição da República Federativa do Brasil: 1988.  São Paulo : Saraiva 1988.
EZPELETA, Justa,  ROCKWELL, Elsie. Pesquisa participante. São Paulo : Cortez, 1986.
HOFFMANN, Jussara. Avaliação mito & desafio:  uma perspectiva construtiva.  11. ed.  Porto Alegre :  Educação & Realidade, 1993.
LUCKESI, C. C.  Avaliação da aprendizagem escolar. 4. ed.  São Paulo : Cortez, 1996.
MORETTO, Vasco.  Avaliação da aprendizagem: uma relação ética.  In: VI CONGRESSO PEDAGÓGICO DA ANEB. Brasília,
     1996.  ( Palestra).
SANT'ANNA, Ilza Martins.  Por que avaliar? Como Avaliar? critérios e instrumentos.  Petrópolis : Vozes, 199
*Mestre / Docente dos Cursos de Graduação e Pós-Graduação da Universidade Norte do Paraná (UNOPAR)
Extraído de: http://www.unopar.br/portugues/revfonte/artigos/7avaliacao/7avaliacao.html

5 comentários:

  1. Nós professores comprometidos com um ensino de qualidade estamos procurando mudar o olhar para a educação.Sabemos que "velhos" conseitos são difíceis de serem mudados. Este curso sobre avaliação escolar, possibilita fazer uma relitura dos estudos de vários pesquisadores a cerca do assunto, nso proporcionando períodos de reflexão sobre a nossa prática em sala de aula.
    Parabésn pelo trabalho. Tania G.

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  2. Olá professora ,sou sua aluna.Que legal seu blog.
    Que cursos ótimos!
    Abração ,Ivanete,Paulo Jacinto AL

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  3. professores estor muito feliz por poder participar deste curso euma grande verdade tudo isso que eu le e puro e verdadeiro muitos professores nao se importa com a qualidade do aluno e so com seus proventos nos temos que ser renovadores trasformistas a cada momento eu maria cristina neri correia da cidade de castro alves ba vivenciei muito estas cituaçoes desagradaves comofala o texto ate alguns dias atras fui gestora de uma unidade escolar que sofre muito com professores arcaicos sem responsabilidades e isso e muito comstrangedor para nossa profiçao

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  4. Depois de muito tempo em sala de aula, eu algumas vezes fico muito chateada, pois, quase sempre o motivo de "fracassos escolares" é o "despreparo do professor. Pois é, todo o papo de "conteúdo significativo", "saberes diversos", etc e tal, sempre me soa como "vamos relevar"; pois o "aluno é sempre vítima do professor"...oras, vamos pensar um pouco...no mundo de hoje, com todos os "estatutos da criança e do adolescente", "bulliyng", etc e tal, me mostra uma triste realidade ...a criança jamais pode ter uma frustração sequer, nunca vai aprender a lidar com frustrações, responsabilidades, deveres e tudo o mais que um "verdadeiro cidadão" encontrará pela vida; me parece que nós professores nada mais somos que pessoas pagas para satisfazer todas as vontades e desejos da criança...isso sem um mínimo de exigência...pois o pobrezinho pode ficar "traumatizado"...tudo tem que ser lúdico...com significado...e agora eu pergunto:
    _ Que tipo de seres queremos como profissionais futuramente para nos atender?
    Só pode estudar aquilo que acha interessante, não pode ser reprovado, não precisa respeitar os professores ( já que os que não respeitam nada sofrem, fica sempre por isso mesmo), não precisam se esforçar para nada, nem para comprar material escolar! Nós, professores, ficamos pesquisando em livros, jornais, revistas e internet, novas atividades, fazemos cursos, nos atualizamos...e de que adianta? Os alunos vão à escola somente para ganhar ( e destruir) o material, comer e fazer valer seu direito, que é frequentqr a sala de aula seja em que circunstância for, pois o aluno tem sempre razão...é uma pena! No papel tudo é lindo!!! Me desculpe o desabafo, mas, é a mais pura realidade!

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  5. Todo processo ensino-aprendizagem no ambiente escolar visa a avaliação de todas as formas em torno do professor. Ele que se vire com o aluno até na hora do intervalo.
    Amei participar.

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