Este é um espaço para discussão e informação sobre educação em suas diversas modalidades.

terça-feira, 31 de maio de 2011

A história da EaD



*Amanda Tolomelli Brescia

A Educação a Distância é uma “nova” modalidade de ensino. Mas, porque utilizarmos a palavra “nova” entre aspas? Porque ela está em amplo crescimento agora, mas não é tão nova quanto podemos imaginar. A EaD surge juntamente com invenção da escrita. Pois, é a partir do momento em que a escrita é inventada que torna-se possível a libertação da comunicação no espaço e no tempo. Ao desenhar nas paredes das cavernas, os homens daquela época já começariam a executar a Educação a Distância, tornando possível a comunicação fora do tempo definido como “agora”.

Um dos primeiros registros que encontramos sobre a EaD mais sistematizada foi em março de 1728, nos Estados Unidos, onde um jornal (Gazzete de Boston) publicou um anúncio de aulas por correspondência. A partir deste anúncio, o aluno recebia semanalmente via correio suas lições. Posteriormente, temos em 1840, na Grã-Bretanha um curso de taquigrafia por correspondência, e também registros de cursos preparatórios para concursos, cursos de contabilidade e de segurança de minas, todos dos anos de 1800.

Em meados do século passado, algumas universidades, ainda fora do Brasil, começam a oferecer cursos de extensão, como em 1924, que a Fritz Reinhardt cria a Escola Alemã de Negócios, que utilizava correspondências. A educação a distância utilizando como ferramenta o rádio, começa a surgir em meados de 1928, com a BBC promovendo cursos para a educação de jovens e adultos.

O grande impulso da EaD no mundo dá-se por volta da década de 60, quando ocorre a institucionalização de diversas ações nos campos da educação secundária e superior, começando na França e Inglaterra e espalhando para o restante do mundo.

Mas e no Brasil, como começa? Bem, no Brasil a EaD é marcada por inúmeros casos de sucesso, mas também períodos de estagnação, devido à falta de políticas públicas para o setor.

Alguns autores fazem referência do surgimento da EaD no Brasil antes de 1900, com anúncios em jornais oferecendo cursos profissionalizantes por correspondência, sendo estes, cursos de datilografia. O marco oficial do surgimento da Educação a Distância, porém, foi o estabelecimento das Escolas Internacionais, em 1904, que funcionava como filial de uma escola norte-americana, sendo que tal instituição existe até hoje. Os cursos oferecidos visavam à busca por melhores empregos, principalmente nas áreas de comércio e serviços. O ensino acontecia com remessas de materiais didáticos pelo correio.

O rádio, no Brasil, começa a ser utilizado em 1923, com a fundação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Esta ação teve pleno êxito, mas preocupava os governantes da época, que acreditavam que os programas poderiam veicular mensagens subversivas. O objetivo central desta rádio era promover a educação popular. Com o aumento da preocupação dos governantes e da pressão exercida pelo poder público, em 1936, a rádio foi doada ao Ministério da Educação e Saúde, que criou em 1937 o Serviço de Radiodifusão Educativo do Ministério da Educação.

Em 1969, os sistemas desenvolvidos até então de rádio educativo foram abortados pela censura existente na época. Com o declínio desta ferramenta de EaD, outra ganha força, a TV Educativa. Algumas ações foram realizadas desde então, sendo que uma das mais conhecidas é a iniciativa da Fundação Roberto Marinho que criou alguns programas de sucesso, como os telecursos que até hoje atendem um número inimaginável de pessoas em todo o território nacional.

Quem tem mais de 30 anos, certamente passou sua infância e adolescência vendo anúncios do Instituto Universal Brasileiro, que também oferecia cursos por correspondência, de praticamente tudo, em todos os campos do conhecimento, desde o ensino formal até o técnico, sendo esta também é uma maneira de implantar a Educação a Distância.

E hoje, qual a principal ferramenta para a difusão da Educação a Distância utilizada pelas instituições brasileiras? A internet! Os computadores chegaram ao Brasil por meados da década de 70, com imensos equipamentos, mantidos a altíssimos custos, barateando conforme o tempo, chegando hoje a cifras bem mais acessíveis à população.

A interação online, que existe a partir dos computadores com acesso à internet, facilita a proximidade do professor com o estudante na Educação a Distância, fazendo com que ambos se sintam apoiados, próximos e com um canal de comunicação limpo e aberto.

O estudante da EaD deve aprender a aprender da maneira que mais lhe apraz; ter uma postura diferenciada do estudante do ensino presencial e interagir à partir das novas tecnologias de interação e comunicação com o professor: o ambiente de aprendizagem, o material e os colegas que estão realizando o curso juntamente com ele.

Hoje em dia, para que um modelo de Educação a Distância funcione em qualquer instituição, é necessário que existam alguns fatores básicos: como o desenvolvimento e especialização do professor tutor, a criação da autonomia dos estudantes, um ambiente de aprendizagem (software) que funcione bem, um material didático construído especialmente para a modalidade e um apoio institucional que é um dos fatores primordiais para o sucesso desta empreitada.

A partir do desenvolvimento das redes de aprendizagem, a interação começa a crescer entre os estudantes desta modalidade, podendo os mesmos firmar contatos entre eles assincronamente (em tempos diferentes, a partir de fóruns de discussões, por exemplo) ou sincronamente (a partir de salas virtuais de bate papo, por exemplo).
 
* Graduada em Pedagogia pela Universidade do Estado de Minas Gerais (2007), Especialista em Gestão de Pessoas e Projetos Sociais pela Universidade Federal de Itajubá pelo projeto UAB (2009) e atualmente cursando especialização em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância pela Universidade Federal Fluminense (2010). É autora de materiais didáticos para cursos a distância, tutora a distância e possui experiência como Orientadora Pedagógica de EaD. Atua também como tutora a distância no curso de especialização lato sensu em Produção de Material Didático para a Diversidade pela Universidade Federal de Lavras, em parceria com a UAB e co-responsável pela coordenação pedagógica do E-tec do CEFET-MG. É aluna regular do Mestrado em Educação Tecnológica do CEFET-MG.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Polêmica em relação a erros gramaticais em livro didático de Língua Portuguesa revela incompreensão da imprensa e população sobre a atuação do estudioso da linguagem

Publicação: Site da Associação Brasileira de Linguística Aplicada do Brasil (Alab)
Data: 20/05/2011
Autora: Paula Tatianne Carréra Szundy, Presidente da ALAB, biênio UFRJ 2009-2011

A divulgação da lista de obras aprovadas pelo Programa Nacional de Livros Didáticos (PNLD) para o ensino da língua portuguesa na Educação de Jovens e Adultos (EJA) provocou verdadeiro celeuma na imprensa e comunidade acadêmica sobre a aprovação de obras com “erros” de língua portuguesa. Frases como “Nós pega o peixe”, “os menino pega o peixe”, “Mas eu posso falar os livro” e outras que transgridem a norma culta, publicadas no livro Por uma Vida Melhor, aprovado pelo PNLD e distribuído em escolas da rede pública pelo MEC, causaram a indignação de jornalistas, professores de língua portuguesa e membros da Academia Brasileira de Letras.

O grande incômodo, relacionado ao fato do livro relativizar o uso da norma culta, substituindo a concepção de “certo e errado” por “adequado e inadequado”, retrata a incompreensão da imprensa e população em relação ao escopo de atuação de pesquisadores que se ocupam em compreender e analisar os usos situados da linguagem.

A polêmica em torno deste relativismo, assim como a interpretação deturpada de pesquisas na área da linguagem, não é nova. Em novembro de 2001, na reportagem de capa da Revista Veja, intitulada “Falar e escrever bem, eis a questão”, Pasquale Cipro Neto dirigiu-se ofensivamente a pesquisadores da área de linguagem que defendem a integração de outras variedades no ensino de língua portuguesa como uma corrente relativista e esquerdistas de meia pataca, idealizadores de “tudo o que é popular – inclusive a ignorância, como se ela fosse atributo, e não problema, do "povo" (Fonte, Veja Online, consultada em 20.05.2011).

Mais de uma década após a publicação dos PCN e da instituição do PNLD de Língua Portuguesa, ambos frutos das pesquisas destes estudiosos relativistas, a imprensa e população continua a interpretar de forma deturpada a proposta de ensino defendida nas diretrizes curriculares e transpostas didaticamente nas coleções aprovadas no PNLD.

Tal deturpação ressalta um problema sério de leitura, muito provavelmente decorrente da prática cristalizada historicamente de se ensinar a gramática pela gramática, de forma abstrata e não situada. Pois, ao situar e inscrever as frases incorretas responsáveis por tanto desconforto no contexto concreto em que foram enunciadas, fica clara a intenção da autora de mostrar que precisamos adequar a linguagem ao contexto e optar pela variante mais adequada à situação de comunicação, preceito básico para participação nas diversas práticas letradas em que nos engajamos no mundo social.

Assim, ao contrário de contribuir para uma agenda partidária de manutenção da ignorância, acusação levianamente imputada ao livro e ao PNLD (e, portanto, aos estudiosos da linguagem), os “erros” em questão, se interpretados contextualizadamente e explorados de forma interessante em sala de aula, contribuem para o desenvolvimento da consciência linguística, mostrando que apesar de todas as variantes serem aceitáveis, o domínio da norma culta é fundamental para efetiva participação nas diversas atividades sociais de mais prestígio.

Se, portanto, situarmos a linguagem, não há razão para polêmica ou desconforto e a crítica daqueles preocupados em garantir o ensino da norma culta torna-se absolutamente nula, sem sentido. O niilismo desta crítica está claramente estampado no enunciado de Pasquale, citado naquela reportagem de uma década: "Ninguém defende que o sujeito comece a usar o português castiço para discutir futebol com os amigos no bar", irrita-se Pasquale. "Falar bem significa ser poliglota dentro da própria língua. Saber utilizar o registro apropriado em qualquer situação. É preciso dar a todos a chance de conhecer a norma culta, pois é ela que vai contar nas situações decisivas, como uma entrevista para um novo trabalho". (Fonte, Veja Online, consultada em 20.05.2011)

A relativização veementemente criticada parece, por fim, ter sido tomada como verdade no interior do mesmo enunciado. Dez anos depois vemos em livros didáticos a possibilidade de formar poliglotas na língua materna. Isso é, sem dúvida, um progresso. Resta ainda melhorar as leituras da população sobre os estudos situados da linguagem.

Neste sentido, a Associação de Linguística Aplicada do Brasil, expressa seu repudio a atitude autoritária e uníssona de vários veículos da imprensa em relação à concepção deturpada de “erro” e convida seus membros a se posicionarem nestes veículos de forma mais efetiva e veemente sobre questões relacionadas a ensino de línguas e políticas linguísticas, construindo leituras mais situadas, persuasivas e plurilíngues.

Experiência inovadora - Presídios de SP adotam computadores para presos estudarem

A Evesp (Escola Virtual de Programas Educacionais), criada por decreto pelo governador Geraldo Alckmin, deve começar a funcionar neste semestre nos presídios paulistas. O objetivo é oferecer material de estudo em formato digital como suporte ao ensino presencial – com a presença do professor – a 12 mil presos já participantes do programa de ensino de jovens e adultos. Será possível, por exemplo, resolver exercícios e estudar com a ajuda do computador.

31 de Maio - Paralisação Nacional dos Professores

O intuito da Paralisação é convidar as esferas governamentais para discussão acerca das condições de trabalho do professor como, a qualidade do ensino público e particular no Brasil.
Uso das palavras de Chico Buarque para definir o momento tão importante para Educação Nacional
“Todos juntos somos fortes
Somos flecha e somos arco
Todos nós no mesmo barco
                                     Não há nada pra temer”


segunda-feira, 23 de maio de 2011

Um passarinho me contou...Uso do Twitter na Educação Básica

Claudemir Edson Viana *

Sônia Bertocchi **

Tecnologia inspirada em ditado popular

Quem ainda não ouviu falar em Twitter? Lançado em 2006, é uma das mídias sociais mais movimentadas no Brasil atualmente. Serviço gratuito, pode ser utilizado por qualquer usuário da Internet. Não exige convite e permite publicar textos de até 140 caracteres no máximo. É um microblog.

Pode ser que você não tenha ouvido falar no Twitter, mas o dito popular "Um passarinho me contou..." você certametne conhece. Pois bem, entre o Twitter e esse dito há muito em comum. Veja: twit, um post do Twitter, pode significar: arreliar, censurar, repreender, zombar. Twitteiro é aquele que posta mensagens no Twitter, e significa o gorgeio, o trinado, o chilrear de um pardal. E, sabemos que, quando um passarinho canta, seus parceiros logo respondem... Ou seja: twittar é fazer barulho, ser ouvido, ser visto, ser notado, ser lido… enfim: INTERAGIR!

Twitter na escola – Por que não? Por que sim?


Clive Thompson, colunista da conceituada revista New York Times e da Wired tem uma fala (26/06/07) sobre o Twitter que impressiona - para não dizer assusta - quem pensa em usar o recurso em sala de aula: "Twitter is the app that everyone loves to hate" (Twitter é o aplicativo que todo mundo adora odiar). Quando os planos são para usar o aplicativo em projetos educativos, há que se considerar sensivelmente essa fala e partir para uma análise mais cuidada desse app: suas características, atrativos, dificuldades, possibilidades e riscos.

Ainda no mesmo artigo, Clive Thompson faz uma aposta em relação ao futuro do Twitter: "Critics sneer at Twitter and Dodgeball as hipster narcissism, but the real appeal of Twitter is almost the inverse of narcissism. It's practically collectivist — you're creating a shared understanding larger than yourself. But here's my bet: The animating genius behind Twitter will live on in future apps. That tactile sense of your community is simply too much fun, too useful — and it makes the group more than the sum of its parts" (Críticos do Twitter dizem que ele explora um narcisismo moderno, mas o recurso real do Twitter é quase o inverso do narcisismo. É praticamente coletivista – você está criando uma compreensão compartilhada maior do que a sua própria. Mas aqui está a minha aposta: o gênio animador por trás do Twitter vai viver em aplicações futuras. Essa sensação tátil de sua comunidade é simplesmente muito divertida, muito útil – e torna o grupo maior que a soma de suas partes.)

Tendo como um dos atrativos principais a simplicidade da ferramenta e da sua proposta inicial, os usuários em geral têm se apropriado fácil e rapidamente do recurso e criado usos interessantes para o aplicativo. Um dos primeiros exemplos é o uso do Twitter como mídia jornalística, considerando o potencial comunicativo que a ferramenta apresenta.

Da mesma forma, esse mesmo potencial - aliado ao caráter colaborativo/cooperativo da ferramenta, à possibilidade de acesso rápido à informação, ao aumento das trocas culturais, ao poder de criação e síntese, às facilidades de uso e às inúmeras possibilidades de interação - é o que justificaria, para educadores, seu uso em projetos educativos on line, especialmente em comunidades virtuais de aprendizagem, articulado às demais atividades do processo de ensino-aprendizagem promovidas na escola ou fora dela.


* Bacharel e licenciado em História (USP-1992), especialista em Educomunicação (USP-2003), mestre e doutor em Ciências da Comunicação pela ECA/USP (2000-2005) e gestor da comunidade virtual Minha Terra, do Portal EducaRede, desde 2007.

** Bacharel e licenciada em Letras (FFCLSanto André - 1973), master em Gestão e Produção de e-Learning pela Universidade Carlos III de Madrid, gestora de Comunidades Virtuais de Aprendizagem do Portal EducaRede Brasil.

sábado, 21 de maio de 2011

I Seminário Nacional de Tutores da Educação a Distância

Com o tema “Construindo a identidade da tutoria no Brasil” o Seminário acontece de 30 de setembro e 01 de outubro de 2011 no Rio de Janeiro e terá transmissão pela internet.

Promovido pela Associação Nacional dos Tutores de Educação a Distância a chamada de trabalhos vai até dia 10 de agosto de 2011 e tem três categorias: Trabalhos científicos, Relatórios de teses e dissertações em andamento e Relatos de experiência.

Todas as informações estão disponíveis em: http://www.anated.org.br/seminario2011/inicio/ 

AVALIAÇÃO EDUCACIONAL: UMA REFLEXÃO

REGINA CELIA ADAMUZ*

          Atualmente, muito se tem discutido sobre a avaliação no contexto escolar. Busca-se uma verdadeira definição para o seu significado, justamente porque esse tem sido um dos aspectos mais problemáticos na prática pedagógica.

          Apesar de ser a avaliação uma prática social ampla, pela própria capacidade que o ser humano tem de observar, refletir e julgar, na escola sua dimensão não tem sido muito clara. Ela vem sendo utilizada ao longo das décadas como atribuição de notas, visando a promoção ou reprovação do aluno.

          Sabe-se que a educação é um direito de todos os cidadãos, assegurando-se a igualdade de oportunidades (Constituição Brasileira). Inseridas neste contexto, ao estudarem, as pessoas passam muitas e muitas vezes pela avaliação, cujos aspectos legais norteiam o processo educacional através dos regimentos escolares. Assim, as avaliações são tidas como obrigatórias e, através delas, é expresso o "feedback" pelo qual se define o caminho para atingir os objetivos pessoais e sociais.

          Hoje a avaliação, conforme define Luckesi (1996, p. 33), "é como um julgamento de valor sobre manifestações relevantes da realidade, tendo em vista  uma tomada de decisão". Ou seja, ela implica um juízo valorativo que expressa qualidade do objeto, obrigando, conseqüentemente, a um posicionamento efetivo sobre o mesmo.

          A avaliação no contexto educativo, quer se dirija ao sistema em seu conjunto quer a qualquer de seus componentes, corresponde a uma finalidade que, na maioria das vezes, implica tomar uma série de decisões relativas ao objeto avaliado.

          A finalidade da avaliação é um aspecto crucial, já que determina, em grande parte, o tipo de informações consideradas pertinentes para analisar os critérios tomados como pontos de referência, os instrumentos utilizados no cotidiano da atividade avaliativa.

          Nem sempre o professor tem definido os objetivos que quer alcançar com seus alunos. Nesse sentido, a avaliação muitas vezes tem sido utilizada mais como instrumento de poder nas mãos do professor, do que como feedback para os seus alunos e para o seu
próprio trabalho. Na realidade, é comum ouvir dos professores, os famosos "chavões" sempre indicando o desempenho ruim de alguns alunos, esquecendo-se de que esse desempenho pode estar ligado a outros fatores que não só o contexto escolar.

          Segundo Sant'Anna (1995, p. 27), "há professores radicais em suas opiniões, só eles sabem, o aluno é imbecil, cuja presença só serve para garantir o miserável salário detentor do poder".

          Nos dias de hoje, sabe-se que o professor tem "fortes concorrentes": a televisão, videocassete, computador, e aquele, em contrapartida, na sala de aula, tem o quadro negro e o giz. Não seria pertinente  pensar na questão da utilização dos recursos no dia-a-dia, explorando mais o que o aluno tem fora, em casa, não só para as suas aulas, mas também para o processo de avaliação? Ezpeleta & Rockwell (1986, p. 25) declaram que "o conhecimento que um professor desenvolve ao trabalhar com um grupo de criança, incorpora necessariamente elementos de outros domínios de sua vida".

          Na realidade, muitos professores fazem uso da avaliação, cobrando conteúdos aprendidos de formas mecânicas, sem muito significado para o aluno. Chegam  até mesmo a utilizar a ameaça, vangloriam-se de reprovar a classe  toda e/ou realizar vingança contra os alunos inquietos, desinteressados, desrespeitosos, levando estes e seus familiares ao desespero.

          Enfatiza Hoffmann (1993) que geralmente os professores se utilizam da avaliação para verificar o rendimento dos alunos, classificando-os como bons, ruins, aprovados e reprovados. Na avaliação com função simplesmente classificatória, todos os instrumentos são utilizados para aprovar ou reprovar o aluno, revelando um lado ruim da escola, a exclusão. Segundo a autora, isso acontece pela falta de compreensão de alguns professores sobre o sentido da avaliação, reflexo de sua história de vida como aluno e professor.

          De acordo com Moretto (1996, p. 1) a avaliação tem sido um processo angustiante para muitos professores que utilizam esse instrumento como recurso de repressão
e alunos que identificam a avaliação como o "momento de acertos de contas", "a hora da verdade", "a hora da tortura".

          Percebe-se que a avaliação tem sido utilizada de forma equivocada pelos professores. Estes dão sua sentença final de acordo com o desempenho do aluno.

          Luckesi (1996) alerta que a avaliação com função classificatória não auxilia em nada o avanço e o crescimento do aluno e do professor, pois constitui-se num instrumento estático e frenador de todo o processo educativo. Segundo o autor, a avaliação com função diagnóstica, ao contrário da classificatória, constitui-se num momento dialético do processo de avançar no desenvolvimento da ação e do crescimento da autonomia.

          Essa problemática em torno da avaliação ocorre não só na educação infantil, mas no ensino regular, médio e superior. E a exigência de um processo formal de avaliação surge por pressões das famílias.

          Exercendo a função de avaliador, deve-se ter claro o desenvolvimento integral do aluno pois, segundo Jersild (apud Sant"Anna, 1995, p. 24, "a autocompreensão e a auto aceitação do professor constituem o requisito mais importante em todo o esforço destinado a ajudar os alunos a se compreenderem e forjar neles atitudes sadias de auto-aceitação".

          O professor deve ver seu aluno como um ser social e político, construtor do seu próprio conhecimento. Deve percebê-lo como alguém capaz de estabelecer uma relação cognitiva e afetiva com o seu meio, mantendo uma ação interativa capaz de uma transformação libertadora e propiciando uma vivência harmoniosa com a realidade pessoal e social que o envolve. O professor deverá, ainda, ser o "mediador" entre o aluno e o conhecimento, proporcionando-lhe os conhecimentos sistematizados. Assim, nessa visão, o professor deixa de ser considerado "o dono do saber" e o aluno, um mero receptor de informações.

          O ato de avaliar não pode ser entendido como um momento final do processo em que  se verifica o que o aluno alcançou. A questão não está, portanto, em tentar uniformizar o comportamento do aluno, mas em criar condições de aprendizagem que permitam
a ele, qualquer que seja seu nível, evoluir na construção de seu conhecimento.

          A avaliação tem um significado muito profundo, à medida que oportuniza a todos os envolvidos no processo educativo momentos de reflexão sobre a própria prática. Através dela, direciona o trabalho, privilegiando o aluno como um todo, como um ser social com suas necessidades próprias e também possuidor de experiências que devem ser valorizadas na escola. Devem ser oportunizados aos alunos os conhecimentos historicamente acumulados pela humanidade.

          Nesse sentido, faz-se necessário redimensionar a prática de avaliação no contexto escolar. Então, não só o aluno, mas o professor e todos os envolvidos na prática pedagógica podem, através dela, refletir sobre sua própria evolução na construção do conhecimento.

          O educador deve ter, portanto, um conhecimento mais aprofundado da realidade na qual vai atuar, para que o seu trabalho seja dinâmico, criativo, inovador. Assim, colabora para um sistema de avaliação mais justo que não exclua o aluno do processo de ensino-aprendizagem, mas o inclua como um ser crítico, ativo e participante dos momentos de transformação da sociedade.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Constituição.  Constituição da República Federativa do Brasil: 1988.  São Paulo : Saraiva 1988.
EZPELETA, Justa,  ROCKWELL, Elsie. Pesquisa participante. São Paulo : Cortez, 1986.
HOFFMANN, Jussara. Avaliação mito & desafio:  uma perspectiva construtiva.  11. ed.  Porto Alegre :  Educação & Realidade, 1993.
LUCKESI, C. C.  Avaliação da aprendizagem escolar. 4. ed.  São Paulo : Cortez, 1996.
MORETTO, Vasco.  Avaliação da aprendizagem: uma relação ética.  In: VI CONGRESSO PEDAGÓGICO DA ANEB. Brasília,
     1996.  ( Palestra).
SANT'ANNA, Ilza Martins.  Por que avaliar? Como Avaliar? critérios e instrumentos.  Petrópolis : Vozes, 199
*Mestre / Docente dos Cursos de Graduação e Pós-Graduação da Universidade Norte do Paraná (UNOPAR)
Extraído de: http://www.unopar.br/portugues/revfonte/artigos/7avaliacao/7avaliacao.html

terça-feira, 17 de maio de 2011

Pesquisa revela que 7 milhões de brasileiros estudam via internet

O número de usuários de internet no Brasil ultrapassa 63 milhões, conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e, 11% deles – o equivalente a quase 7 milhões de internautas – estudam ou já estudaram à distância pela web. É o que aponta um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

Segundo o levantamento, dentre os brasileiros que fazem cursos on-line, 22% têm ensino superior, e 21% pertencem à classe A. Além disso, 12% deles são homens, e 10% são mulheres. A maior concentração de estudantes está na faixa de idade que vai de 25 a 34 anos (16%), o restante está bem distribuído entre os brasileiros de 16 a 44 anos.

A educação à distância vem conquistando cada vez mais adeptos no país. Prova disso é que nos últimos sete anos, a procura de alunos por esse modelo de estudos disparou mais de 2.000%, passando de 40,7 mil para 838,1 mil estudantes matriculados no período.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Novos cursos de graduação terão de priorizar as didáticas específicas de cada disciplina

As novas diretrizes para a criação de cursos de Pedagogia, aprovadas pelo Ministério da Educação (MEC) em junho de 2010, não deixam margem a dúvidas: o objetivo prioritário deve ser a formação de professores para a Educação Infantil e os anos iniciais do Ensino Fundamental. Na prática, isso quer dizer que, quanto maior for a vocação dos novos cursos para a capacitação profissional, maior será a chance de eles terem sua abertura autorizada. Espera-se, com isso, que os educadores formados por essas instituições cheguem às salas de aula mais qualificados para lidar com os eixos de trabalho de creche e de pré-escola e as didáticas específicas das disciplinas do 1º ao 5º ano.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Disléxicos tendem a ser mais empreendedores, sugere documentário

Seriam os disléxicos mais propensos ao empreendedorismo? É o que sugere o documentário Journey into Dyslexia, que foi ao ar na TV norte-americana ontem (11/05) à noite.

Dos premiados diretores Alan e Susan Raymond, o filme mostra a história de diversas personalidades disléxicas de destaque, incluindo empreendedores de sucesso.

Nomes de peso do mundo empresarial, como Richard Branson (fundador da Virgin), Ted Turner (magnata da mídia), John Chambers (CEO da Cisco) e até Henry Ford estão na lista dos que sofriam da condição ligada a dificuldades no aprendizado, especialmente na codificação das palavras.

“Há uma lista enorme de pessoas que são disléxicas – Thomas Edison, Steve Jobs, Einsten, Pablo Picasso, entre outros. Já é uma ideia bem aceita que essa forma diferente de organização do cérebro e do pensamento é muito inovadora, visionária e criativa”, disse Susan Raymond, em entrevista à HBO.

A relação entre dislexia e empreendedorismo foi objeto de estudos no passado. Uma pesquisa de 2004, da Cass Business School, concluiu que 20% dos empreendedores ingleses eram disléxicos – média bastante superior à porcentagem de disléxicos na população do país, que era de 4%.

Nos Estados Unidos, os mesmos pesquisadores obtiveram resultados ainda mais impressionantes: 35% dos empreendedores entrevistados eram disléxicos. De acordo com o estudo, os disléxicos seriam mais propensos a delegar tarefas e se sair bem na resolução de problemas e ao falar em público.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Para ser um bom professor é preciso ter dom e vocação?

Extraído de: Revista Nova Escola

Para ser um bom professor é preciso ter dom e vocação, está afirmativa é um mito.

Por que é um mito - A docência não é uma capacidade inata, e sim uma carreira que, como outras, pressupõe esforço pessoal e formação que possibilitem o domínio de aspectos teóricos e práticos ligados à aprendizagem.

Por que derrubá-lo - Um dos grandes desafios do país é a revalorização da carreira docente - com bons salários e condições de trabalho dignas para os educadores. Para que isso ocorra, é necessário que todos tenham acesso à formação inicial e continuada de qualidade. Só com estudos constantes, planejamento e dedicação, é possível ser um bom professor, ou seja, ensinar todos os estudantes.

"Não é admissível que alguém lecione apenas porque gosta de crianças ou acredita que leva jeito. A docência exige conhecimentos científicos." Carlos Roberto Jamil Cury, professor titular aposentado da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Leia sobre outros 14 mitos que envolvem a prática docente em:

terça-feira, 10 de maio de 2011

Interesse por cursos on-line cresce com grau de escolaridade

Relatório do Ipea mostra que penetração da educação à distância é maior entre brasileiros universitários, da classe A e empregados

Um estudo divulgado nesta terça-feira pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que os usuários mais escolarizados, integrantes da classe A ou B e que estão empregados são os usuários de internet que mais recorrem à modalidade de educação à distância. Os dados são provenientes do Boletim Radar: Tecnologia, Produção e Comércio Exterior, elaborado pelo Comitê Gestor da Internet (CGI), e mostra que 21% dos usuários de internet da classe A fizeram algum curso on-line em 2009. Na classe B, a taxa cai para 14%, e na C, para 10%. Na classe D e E, o percentual é de apenas 4%.

Entre os usuários de internet com ensino superior, 22% realizaram cursos à distância, ante 8% de pessoas com ensino médio completo. Entre aqueles com ensino fundamental, a cifra cai para 5%. Já entre empregados, a penetração da educação à distância chega a 13%, ante 10% entre os desempegados.

De acordo com Boletim Radar, a banda larga impulsionou o acesso a cursos à distância no Brasil. "A banda larga traz benefícios para a sociedade ao propiciar que cidadãos e empresas tenham acesso mais rápido às informações, ao agilizar a comunicação, ao possibilitar práticas como a telemedicina e a educação", diz o relatório do Ipea.

Extraído de :http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/interesse-por-cursos-on-line-cresce-com-grau-de-escolaridade



A importância da Cibercultura para com a sociedade

A importância da Cibercultura para com a sociedade

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Professora Andréa Serpa da UFF fala sobre os 50 anos da LDB

Escrito por: Nayra Garofle

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), que tem como objetivo regularizar o sistema de educação brasileiro, completará 50 anos no dia 20 de dezembro. Para debater o assunto, o Conexão Professor entrevistou a Professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense (UFF), Andréa Serpa. Ela fala sobre o sistema educacional brasileiro, o que mudou e o que precisa mudar de acordo com a atual LDB.

Conexão Professor (CP) - O ensino brasileiro ainda sofre muitas críticas. De uma forma geral, como a senhora o avalia?

Andréa Serpa - Não se pode avaliar um sistema de ensino isolado de seu contexto social, político e econômico. Avalio que a escola brasileira, seus professores e alunos são sobreviventes corajosos de uma realidade que os violenta frequentemente. Nossa sociedade vem dando mostras de seu fracasso diariamente nos jornais. Uma sociedade que produz, se alimenta e valoriza o perverso, o grotesco e vulgar. Infelizmente os jovens que trabalham, estudam e produzem alternativas não aparecem na mídia. Professores que ensinam, apesar de toda adversidade, não são frutos para manchetes. O ensino brasileiro é bom? Não, claro que não. Está longe de atingir a qualidade que acredito seja direito dos cidadãos. Mas o ensino não mudará sozinho uma sociedade bélica, consumista e preconceituosa. E com esta sociedade formando o que forma, não vejo como este ensino irá produzir bons frutos: mesmo quando altamente escolarizados. É preciso um projeto coletivo para a sociedade, no qual a escola seja uma instituição privilegiada para produzir essa mudança, mas não a única, e tampouco sozinha.

CP - O Novo Plano Nacional de Educação tem 20 metas, quatro são ligadas à valorização do professor. Qual é a sua avaliação sobre o PNE?

Andréa Serpa - A minha avaliação é que temos metas demais e concretizações de menos. A LDB de 1996 também tinha metas. É preciso vontade política e compromisso com a nação para que se faça. É preciso valorizar o professor, primeiro oferecendo um plano de carreira decente e concreto, no qual sua formação e experiência sejam valorizadas não no papel, mas no contracheque; condições de trabalho com recursos materiais e humanos que apóiem a prática docente; ter sua formação, seus saberes respeitados, não ser tratado como um mero executor, mas como intelectual que é.

CP – E em se tratando dos docentes, qual seria a solução para que a vontade de trabalhar com empolgação e criatividade não fosse dominada pelo desânimo e a desilusão quanto ao magistério?

Andréa Serpa - Primeiro ser respeitado, recuperando a autoridade docente. Oferecendo um ambiente de trabalho digno, um salário digno, estabelecendo uma relação digna e respeitosa com os professores deste país.

CP - Dentre as características da LDB de 1996 está a inclusão da educação infantil, ou seja, o acesso às creches. Porém, sabemos que este acesso ainda é difícil. De que forma podemos melhorar esta situação?

Andréa Serpa - O texto da lei é claro: toda criança de quatro anos tem que ter vaga em escola próxima à residência. O caminho para garantir que isso seja cumprido é o mesmo que deveríamos usar para exigir a carga horária e os dias letivos, para não aceitar que turmas fiquem sem professores por meses e meses, e também está previsto na mesma lei: acionar o Ministério Público e exigir que o poder público cumpra com suas obrigações, assim como ele nos exige que cumpramos com as nossas, cabendo inclusive uma ação de responsabilidade sobre os gestores que assim não o garantirem.

CP - Na situação atual da educação há questões contraditórias como: a falta de vagas nas escolas e, ao mesmo tempo, o abandono e a evasão? O que leva a este quadro e como revertê-lo?

Andréa Serpa - Falta de vagas é um problema de gestão. Esse é um problema crônico no país. O abandono e a evasão são fruto do fracasso escolar que a escola produz. Para reverter esse quadro, basta prestar atenção em tudo que foi produzido teoricamente sobre inclusão escolar desde Paulo Freire e principalmente nas décadas de 80 e 90. Precisamos ter uma alfabetização que respeite os processos de construção da língua por este sujeito e não alfabetizações mecanicistas, que nunca deixamos de ter; precisamos ter um currículo que respeite a cultura desse aluno e a partir dela amplie suas possibilidades de conhecer outras culturas; precisamos de um processo de avaliação que não o classifique e desqualifique, mas que investigue suas possibilidades de aprendizado, valorizando o que ele sabe, o que ele consegue o que ele já é, para plantar o desejo de querer ser mais. Resumindo, precisamos retomar tudo o que já foi dito e dessa vez nos comprometermos com os conhecimentos que são produzidos sobre educação neste país desde o século passado, ao invés de querer reproduzir infinitamente uma escola tecnicista ou jesuíta, que definitivamente, não inclui estas crianças. Os gestores deveriam prestar mais atenção nas pesquisas que são produzidas no Brasil sobre a escola brasileira do que tentar importar escolas finlandesas. Aqui não é a Finlândia.

Andréa Serpa é graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Mestre e Doutora em Educação pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Atualmente é Professora Adjunta da Faculdade de Educação da UFF.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Curso gratuito a distância "Controle Social e Cidadania"

Dia 6 de maio, a Controladoria-Geral da União (CGU) abrirá inscrições para 1.000 vagas no curso a distância "Controle Social e Cidadania". O curso será gratuito e realizado totalmente pela Internet, entre 2 de junho e 3 de julho.

Voltado para todo cidadão interessado em saber mais sobre como acompanhar a gestão pública, especialmente as lideranças locais, conselheiros, e representantes sociais, o Curso "Controle Social e Cidadania" está estruturado em três módulos de estudo:

Módulo I - "A participação popular no Estado brasileiro"
Módulo II - "O controle das ações governamentais"
Módulo III - "O encaminhamento de denúncias aos órgãos responsáveis"
Para participar, basta ter acesso à internet, um endereço de e-mail e conhecimentos básicos navegação.

Os participantes serão avaliados com base em sua participação nos fóruns de discussão e questionários objetivos. Os participantes que obtiverem aproveitamento mínimo de 70% receberão certificado.

As inscrições poderão ser feitas no endereço www.escolavirtual.cgu.gov.br do dia 6 até o dia 10 de maio, ou enquanto houver vagas.