Este é um espaço para discussão e informação sobre educação em suas diversas modalidades.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Ambientes Virtuais de Aprendizagem

Para que a aprendizagem a distância se efetive, não bastam somente tecnologias sofisticadas. É necessário também um ambiente que favoreça um processo de ensino e aprendizagem significativo. E para tal é pertinente a utilização de estratégias e ferramentas educativas, sustentadas por meios e formas de comunicação diferenciados.

A EaD, nesse sentido, como prática educativa se diferencia da modalidade de ensino presencial, sendo uma alternativa pedagógica de grande alcance, que utiliza novas tecnologias para atingir os objetivos propostos, considerando as necessidades das populações, promovendo o autodidatismo e a aprendizagem independente e flexível em qualquer nível, em Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA’s), segundo Santos:

“A aprendizagem mediada por AVA pode permitir que através dos recursos da digitalização várias fontes de informações e conhecimentos possam ser criadas e socializadas através de conteúdos apresentados de forma hipertextual, mixada, multimídia, com recursos de simulações. Além do acesso e possibilidades variadas de leituras o aprendiz que interage com o conteúdo digital poderá também se comunicar com outros sujeitos de forma síncrona e assíncrona em modalidades variadas de interatividade: um-um e um-todos comuns das mediações estruturados por suportes como os impressos, vídeo, rádio e tv; e principalmente todos-todos, própria do ciberespaço” (SANTOS, 2003)

Essa probabilidade de convívio “todos-todos” caracteriza e diferencia os AVA’s de outros suportes de educacionais e comunicações mediadas por tecnologias. Nesse sentido Silva e Claro (2007) afirmam que um AVA é mais do que um simples espaço de publicação de materiais, de interações pré-definidas. Para que o AVA contribua efetivamente para a aprendizagem, segundo Kenski, é necessário romper com as noções de tempo e espaço e que um ambiente virtual deve

“garantir o sentimento de telepresença, ou seja, mesmo que os usuários estejam distantes e acessem o mesmo ambiente em dias e horários diferentes, eles se sintam como se estivessem fisicamente juntos, trabalhando no mesmo lugar e ao mesmo tempo” (Kenski, 2007)

AVA’s são usados para apoiar a construção de cursos a distância, a escolha do conjunto de suas funcionalidades, configurações para serem disponíveis em um curso, assim como a maneira apropriada de utilizar estas funcionalidades permite o sucesso do ambiente na educação a distância e garante a busca de novos domínios e novos públicos para a EaD. Para Pierre Lévy o futuro da comunicação se desenvolverá juntamente com o crescimento do ciberespaço o que amplia as funções cognitivas humanas. Diante disso é necessário que a educação se adapte aos domínios sociais cognitivos e culturais. A tecnologia já existe, resta saber como utilizá-la de maneira eficiente para se produzir algo novo e inovador na educação e no modo de ensinar.

Hoje no mercado existem varias plataformas de aprendizagem, e que fazem uso de mídias interativas, tais como: e-mails, lista de discussões, fóruns, blogs, redes sociais entre outros recursos disponibilizados pela internet. Alguns exemplos são: Teleduc, Moodle, Aulanet, Eureka, Amadeus, Blackboard, FirstClass, E-Proinfo , WebCT, entre muitos outros.

KENSKI, Vani Moreira. Educação e tecnologias: o novo ritmo da informação. São Paulo: Papirus. 2007.

SANTOS. Edméa Oliveira. Ambientes virtuais de aprendizagem: por autorias livre, plurais e gratuitas. In: Revista FAEBA, v.12, no. 18.2003. Disponível em: http://www.comunidadesvirtuais.pro.br/hipertexto/home/ava.pdf. Acesso em: 20 nov. 2009.

SILVA, Marco; CLARO, Tatiana. Docência Online e a Pedagogia da Transmissão. Boletim Técnico do Senac: a revista da educação profissional, Rio de Janeiro, v.33, n.2, p.81-89, 2007.




domingo, 27 de fevereiro de 2011

Livros digitais mudarão nosso cérebro?


Desde o aparecimento da plataforma, especialistas discutem a capacidade dela de provocar mudanças na leitura, no aprendizado e na mecânica cerebral.

Em 2009, quando a segunda geração do Kindle, o leitor de livros digitais da Amazon, chegou aos Estados Unidos, iniciou-se uma discussão sobre a capacidade de a nova plataforma provocar transformações nos processos de leitura, aprendizado e até mesmo na mecânica cerebral. O jornal americano The New York Times ouviu especialistas ligados à educação provenientes de diferentes áreas a respeito. Algumas ideias apresentadas pareceram pertinentes.
  
Para Alan Liu, pesquisador da Universidade da Califórnia, os e-books transformariam o ritual da leitura, solitário por excelência, em uma cerimônia coletiva, onde o principal agente transformador é o ambiente. As silenciosas bibliotecas, na visão dele, dariam lugar aos animados cafés, onde os jovens passariam a equilibrar a atenção focal e periférica (na obra que leem e no ambiente ao redor), algo muito difícil até então.

A distração é o principal obstáculo à leitura digital, apontou Sandra Aamodt, ex-editora chefe da revista Nature Neuroscience. Ela questionou a eficiência dos e-readers e destacou: "A leitura em uma tela exige maior esforço por parte do usuário."

Gloria Mark, também da Universidade da Califórnia, foi menos cética. Ela defendeu que o hipertexto, presente os livros digitais, enriquece o processo de aprendizado. Embora reconheça a vantagem de buscar, simultaneamente, informações adicionais na rede enquanto se entrega à leitura nos dispositivos eletrônicos, ela chamou a atenção para a falta de profundidade nesse processo. "Os jovens, quando conectados, alternam suas atividades a cada três minutos", alertou.

Maryanne Wolf, diretora do Centro de Pesquisa em Leitura e Linguagem da Universidade Tufts, fez uma defesa apaixonada da capacidade de adaptação dos jovens aos e-books. Ela explicou que o processo de leitura é baseado em uma arquitetura aberta e que essa característica torna mais flexível a absorção de conteúdo.

Em entrevista a VEJA, no entanto, a especialista ressaltou que nos dispositivos eletrônicos a leitura é mais veloz e, portanto, superficial. "Nesse caso, o circuito formado entre as áreas do cérebro envolvidas na leitura não chega àquela região em que ela seria processada de maneira mais analítica".

Entre os acadêmicos havia também os otimistas. David Gelernter, professor da Universidade de Yale, duvidava que a qualidade da leitura estivesse diretamente vinculada ao suporte em questão. Ele disse que o "meio não é a mensagem" e que a forma como o conhecimento chega ao ser humano é irrelevante. Na concepção de Gelernter, o que importa é a excelência do conteúdo e não o seu intermediário.



sábado, 26 de fevereiro de 2011

Escola nas Filipinas é construída com garrafas PET usadas

Escrito por: Débora Spitzcovsky

Angustiado com a falta de escolas de ensino básico em algumas províncias filipinas, o conterrâneo Illac Diaz resolveu dar um jeito no problema e fundou o Bottle School Project, que, como o próprio nome diz, pretende construir escolas de uma forma bem barata – e que, de quebra, ainda ajuda o meio ambiente: com garrafas PET usadas.

Fotos de Kristel Gonzales

Para quem achou a ideia maluca, Diaz já tem a prova de que seu projeto não é nem um pouco utópico. A primeira escola da iniciativa está pronta, em San Pablo, e foi construída com milhares de garrafas PET de 1,5 e 2 litros, que foram preenchidas com adobe líquido – uma substância feita com terra crua, água e fibras naturais ou palha – para dar consistência às paredes. Segundo Diaz, além de ser mais barato do que o concreto, o adobe é cerca de três vezes mais forte do que o cimento.


O visionário, no entanto, não conseguiu a proeza sozinho. Para que o projeto desse certo, ele contou com a ajuda da My Shelter Foundation (Fundação Meu Abrigo, em português), que promoveu uma corrida beneficente, no início da obra, para coletar garrafas PET usadas.

Além disso, dezenas de voluntários botaram a mão na massa e ajudaram na construção da escola, cujo terreno foi doado pelo governo local de San Pablo, que foi outro colaborador.

Após a conclusão da primeira obra, Diaz pretende expandir o projeto para construir outras “escolas de garrafa” nas Filipinas, na Ásia e, quem sabe, no restante do mundo. Mas, mais do que isso, a partir de seu esforço para erguer instituições de ensino básico em lugares onde a educação ainda é precária, ele espera conscientizar os governos a respeito da importância e da urgência em se investir mais no ensino.



quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Educação a Distância: abordagens teórico-pedagógicas

Um fator determinante na construção de um curso a distancia é o respeito pelos estilos de aprendizagem que é a maneira pela qual o indivíduo percebe, processa e retém a informação (Kuri et al, 2004). Os estilos de aprendizagem são maneiras que uma pessoa utiliza para conseguir aprender o que lhe é proposto. Os estilos são pessoais, pois cada pessoa apresenta facilidade em um determinado estilo e dificuldade em outro. Segundo Carter (2000), estilo de aprendizagem é um modo particular na qual o cérebro recebe e processa a informação. Não há um modo certo de aprender ou a melhor maneira de aprender. São diversos os estilos que se adéquam a diferentes ocasiões. Cada pessoa tem seu estilo próprio de aprender. Ter o conhecimento de como a pessoa aprende é fator determinante para saber quem ela é. Esta é uma informação crucial para professores, sejam eles presenciais ou virtuais, pois se eles conhecem os estilos de aprendizagem de seus alunos poderão motivar a sua aprendizagem.

Na Educação a Distância através de um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), a interação entre professor e alunos não é fácil, o professor não sabe muito bem quem são os seus alunos, ele não sabe também quais são as suas prioridades, habilidades ou dificuldades. Por isso a necessidade de se entender o fenômeno da aprendizagem se torna ainda mais crucial, além de respeitar os estilos de aprendizagem dos alunos que são o modo como cada um de nós aprende melhor, é preciso também apreciar a inteligência como possuidora de várias características. Tais características são os talentos, capacidades e habilidades mentais, que são chamadas de inteligências na teoria das Inteligências Múltiplas. Segundo Gardner (2000) “a inteligência é uma propriedade do ser humano, cuja dimensão difere de indivíduo para indivíduo e que se caracteriza pela forma como alguém executa uma tarefa. A inteligência é, essencialmente, a capacidade de resolver problemas”. As múltiplas inteligências advertem que aprendemos de formas diferentes e apontam, também, que as pessoas possuem diferentes habilidades. Alguns são mais predispostos a percepção, outros a visualização de textos, palavras ou imagens, e ainda outros, aos movimentos, sensações ou audição. O mais importante é entendermos que estamos em um continuo processo de desenvolvimento de habilidades e buscando a integração entre elas. Considerando que os AVA’s são ferramentas de comunicação entre professores e alunos, assim como o acesso aos conteúdos, eles se tornam espaços de possibilidades diversificadas de desenvolvimento e aplicação da teoria das múltiplas inteligências. Porém, para isso, é importante que o aluno tenha a chance de interpretar, imaginar e compartilhar os conhecimentos em contato com linguagens atuais, proporcionando assim o desenvolvimento de suas habilidades.

Mas não somente conhecer os estilos de aprendizagem e a teoria das inteligências múltiplas é suficiente para garantir um bom tratamento pedagógico a um curso a distância. É preciso conhecer as teorias pedagógicas e a diferenças entre elas, e dependendo das situações, fazer também adaptações para atingir os objetivos de um curso.



CARTER, C. et. al. Keys to Effective Learning. 2 ed. Ed. New Jersey, Prentice Hall. 2000

GARDNER, H. Inteligências múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.

KURI, Nídia Pavan, SILVA, Antônio Nélson Rodrigues da e PEREIRA, Márcia de Andrade. Estilos de aprendizagem e recursos da hipermídia aplicados no ensino de planejamento de transportes. Rev. Port. de Educação. [online]. 2006, vol.19, no.2. Disponível em: http://www.scielo.oces.mctes.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0871-91872006000200006&lng=pt&nrm=iso.

Congresso em São Paulo discute o uso das redes sociais nos processos de aprendizagem

Escrito por Cleide Quinália Escribano/ Blog Educação


Presentes cada vez mais no dia a dia das pessoas, as redes sociais já chegaram também aos ambientes escolares e são consideradas por muitos especialistas como instrumentos eficazes de aprendizagem e de desenvolvimento de crianças e jovens.

Entender o papel dessas recentes tecnologias e debater as infinitas possibilidades educacionais que se abrem nesse novo contexto é a proposta do Congresso Internacional “Redes Sociais aplicadas na Educação”, que acontece no dia 25 de março em São Paulo.

Destinado a públicos diversos que vão desde profissionais da educação e do mundo corporativo a amantes das tecnologias em geral, o congresso reunirá um grupo seleto de especialistas para compor o ciclo de palestras previstos na programação.

A organização é da consultoria de marcas ABCBRANDING, que promete aos participantes uma infraestrutura rica em recursos de multimídia e de interatividade. O Portal do Congresso terá um ambiente especificamente reservado para os congressistas inscritos acessarem o conteúdo, fórum das palestras e vídeos apresentados no evento. No caso dos palestrantes, os mesmos terão um capítulo no livro do evento que será publicado em paralelo.

Outras informações sobre programação e inscrições estão disponíveis no site oficial do congresso:




quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Conheça os mini cursos online oferecidos gratuitamente pelo Acessa SP

Os MiniCursos são gratuitos e divididos entre três e cinco aulas. Cada aula não leva mais que 15 minutos. São varias opções de cursos, dentre eles:

  • Como cuidar do automóvel;
  •  Como cuidar de crianças;
  •  Técnicas de textura em parede;
  • Aprenda a jogar Xadrez;
  • Controle suas Finanças Pessoais;
  • Como fazer uma horta;
  • Como preparar um currículo;
  • Consumidor: você tem direitos;
  • As doenças do sexo: DSTs e Aids.

  Entre e confira!


Em cada 10 universitários, dois têm dificuldade de leitura.

Escrito por: Sarah Fernandes

Em cada dez universitários de até 24 anos, quase dois podem ter problemas em acompanhar o curso devido a dificuldades de compreender textos e resolver cálculos complexos. Eles são 18% dos estudantes de ensino superior, que possuem nível de alfabetização considerado básico por especialistas.

Os dados são da organização não governamental Ação Educativa e do Instituto Paulo Montenegro, do Ibope. As instituições analisaram o impacto do analfabetismo funcional no ensino superior, a partir do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e do Indicador de Analfabetismo Funcional (Inaf).

O estudo analisou jovens de 15 a 24 anos das regiões metropolitanas de Fortaleza (CE), Recife (PE), Salvador (BA), Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS) e Brasília (DF).

“18% de jovens com nível básico de alfabetismo no ensino superior é um dado bastante preocupante. Isso porque eles vão encontrar limitação no seu desenvolvimento pessoal, cultural e profissional”, analisa coordenadora geral da Ação Educativa, Vera Masagão.

As pessoas com nível básico de alfabetismo leem e compreendem textos de média extensão e resolvem problemas com uma sequência simples de operações. No entanto, têm dificuldade quando as operações envolvem mais elementos e etapas, segundo o estudo.

Eles, “embora tenham condições de prosseguir nos estudos, poderão ter limitações significativas para absorver o conteúdo que lhes seja oferecido ou contam com suprir, na faculdade, as deficiências acumuladas em sua trajetória escolar”, aponta a publicação.

Travados

Pouco mais de um em cada quatro jovens analisados pela pesquisa estão excluídos do ensino superior por não terem concluído etapas da educação básica. Ao todo, 22% podem ser considerados analfabetos funcionais, 36% ainda estavam no ensino fundamental e apenas 56% terminaram ou estão cursando o ensino médio.

“Eles são vítimas de um currículo escolar pobre, da falta de professores e da desmotivação dos profissionais da educação”, analisa Vera. “Em geral, eles não tiveram informações sobre oportunidades como EJA [Educação de Jovens e Adultos] e ProJovem”.

O reconhecimento da dificuldade de leitura é uma das barreiras para avançar os estudos, segundo o levantamento. Metade dos entrevistados pretende estudar em cursos pré-vestibulares gratuitos, sendo que apenas 8% deles têm nível de alfabetização rudimentar, no qual é possível ler anúncios ou cartas pequenas e manusear dinheiro.




terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O Design Instrucional Virtual

Designer instrucional é o profissional que cuida da parte educacional dentro de toda a estrutura do curso a distância, analisando qual é a melhor mídia a ser utilizada, o perfil do aluno, a periodicidade que deve ser exigida, assim como as formas de avaliação mais adequadas, respeitando todos os estilos de aprendizagem e favorecendo as inteligências múltiplas. O Ministério do trabalho e o Ministério da Educação convidaram vários especialistas em EaD de todo o país e de várias instituições acadêmicas e corporativas públicas e privadas para fazer um estudo das competências e atividades do Designer instrucional. De acordo com o Ministério do trabalho em janeiro de 2009, foi incorporado à Classificação Brasileira de Ocupação (CBO) o Designer Educacional, como nomenclatura principal, com sinônimos como Designer instrucional, dentre outros.

Filatro (2004) define a função design instrucional como "a ação institucional e sistemática de ensino, que envolve o planejamento, o desenvolvimento e a utilização de métodos, técnicas, atividades, materiais, eventos e produtos educacionais em situações didáticas específicas”. O DI não precisa ser um especialista no conteúdo do curso que ele elaborará, mas é necessário que tenha conhecimentos satisfatórios para que o aprendizado ocorra. Para isso o DI precisa adquirir e mesclar competências tecnológicas e pedagógicas que devem andar unidas para o sucesso do seu trabalho. Filatro afirma que a instrução é uma atividade de ensino que se utiliza da comunicação para promover a compreensão da informação e nesta perspectiva o aprendizado ocorre de forma que o próprio aluno é ator, construindo seu próprio conhecimento. A mesma autora ressalta também que há quatro áreas de conhecimento que são muito importantes no trabalho do DI: educação, comunicação, gestão e tecnologia. Com as novas tecnologias, novas formas de aprender, novas competências são exigidas, novas formas de se realizar o trabalho pedagógico são necessárias e fundamentalmente a tecnologia serve como mediador do processo ensino-aprendizagem, tecnologias são os meios, os apoios, as ferramentas utilizadas para que os alunos aprendam. O Designer instrucional é um construtor, que atua no encontro entre a educação, a comunicação, a tecnologia e a gestão, sendo capaz de gerenciar equipes e projetos. Diante dessas áreas de conhecimento que o DI deve construir seu trabalho, fica claro que ele também é agente da promoção da acessibilidade no espaço digital. Segundo Torres e Mazzoni :

A acessibilidade no espaço digital consiste em tornar disponível ao usuário, de forma a que possa aceder a ela com autonomia, toda a informação que lhe for franqueável (ou seja, informação para a qual tenha código de acesso, ou seja, de acesso livre para todos), independentemente de suas características orgânicas, sem prejuízos quanto ao conteúdo da informação”. (TORRES e MAZZONI, 2004).


Os mesmos também afirmam que a acessibilidade é obtida combinando-se a apresentação da informação de formas múltiplas, seja com uma simples redundância, ou utilizando-se um sistema automático de transcrição de mídias, com o uso de ajudas técnicas tais, como sistemas de leitura de tela, sistemas de reconhecimento da fala e simuladores de teclado, que maximizam as habilidades dos usuários com limitações associadas a necessidades especiais.

A partir deste conceito de acessibilidade o Designer Instrucional deve reconhecer seu papel determinante de minimizador de diferenças e ampliador de informação, já que deverá utilizar das tecnologias de informação em prol das pessoas com necessidades especiais facilitando a comunicação, o acesso e processamento da informação.

Os Designers Instrucionais devem conhecer e utilizar os programas que promovem a acessibilidade, que são ferramentas ou conjuntos de ferramentas que permitem pessoas com deficiências, as mais variadas, utilizarem os recursos que o computador oferece. Essas ferramentas podem se constituir em leitores de tela para deficientes visuais, teclados virtuais para pessoas com deficiência motora ou com dificuldades de coordenação motora, entre outras. Utilizando essas ferramentas os cursos estarão cada vez mais contribuindo para uma sociedade inclusiva. É conhecido que a tecnologia sozinha não resolve problemas, pois ela deve ser utilizada como mediadora e estar inserida a um contexto maior, no fato, a educação. Na elaboração de cursos de EaD através da internet, isso se repete. Neste cenário, a procura é por criar um ambiente que ultrapasse o presencial convencional para que o aluno se envolva de tal maneira que esqueça o modelo tradicional vivenciado por ele até o momento e fique motivado pelo novo.



CBO – Código Brasileiro de Ocupações. Ministério do Trabalho e Emprego. Secretaria de Inspeção do Trabalho. Brasília: MTE, SIT, 2010. Disponível em: http://www.mtecbo.gov.br/ Acesso em 06 mai. 2010.

FILATRO, A. Design instrucional contextualizado: educação e tecnologia. São Paulo: Ed. SENAC, 2004.

TORRES, E. F.; MAZZONI, A. A. Conteúdos digitais multimídia: o foco na usabilidade e acessibilidade. Ci. Inf. vol.33 no. 2 Brasília May/Aug. 2004. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-19652004000200016. Acesso em: 10 out. 2009.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

EMPREENDEDORISMO & INOVAÇÃO: PARA QUE?

Autora: Ana Carolina de Paula da Silva*


O mundo globalizado é de fato uma realidade.

O capitalismo acirrado, as grandes disputas de mercado e as pequenas também. Bilhões de pessoas por todo o mundo que lutam por um lugar ao sol. Uma posição digna na sociedade.

Pessoas que lutam por conseguir um emprego ou trabalho com remuneração justa. E depois que o conseguem, lutam para nele se manter. A chance de um indivíduo sobreviver de seu próprio esforço, por intermédio de um trabalho justo, como remuneração justa cada vez mais complicada.

Esse novo cenário mundial, que pode ser apreciado nos noticiários desde o amanhecer, nos mostra o reflexo de uma sociedade que a cada dia convive mais e mais com a desigualdade social, com a má distribuição de renda, com um sem número de pessoas que vivem à margem da sociedade, a maioria já sem perspectivas.

Está é uma realidade difícil para a maioria das pessoas. E não é essa a realidade que o capitalismo deseje, embora seja responsável por ela. O sistema capitalista, ao contrário, precisa de moeda circulando no mercado. Precisa cada vez mais pessoas consumindo para assim obter o lucro que o move.

A busca desse locus social, ou seja, de um lugar na sociedade contemporânea, se dá por intermédio principal do emprego e renda, uma vez que a base da nossa organização é pautada no capitalismo. Sem renda a sobrevivência é quase impossível.

Todavia, tem se tornado cada vez mais difícil alcançar um emprego. Os níveis de escolarização estão ficando cada vez maiores, acirrando ainda mais essa disputa. Contudo, as grandes empresas hoje, não buscam apenas por formação.

Não somente as grandes, mas também as pequenas, médias e micro-empresas esperam encontrar profissionais polivalentes, dinâmicos, cheios de perspectiva e visão de futuro.

Profissionais criativos, cooperativos e colaborativos. Capazes de mediar situações adversas e administrar conflitos. Profissionais dedicados ao crescimento da empresa, capazes de contribuir com ela como se fosse sua, não se preocupando com o fato de ser apenas um empregado.

As pessoas hoje em dia, são muito valorizadas pelo conhecimento que possuem, embora isso não seja o suficiente.

Além do conhecimento, a valorização do indivíduo relaciona-se, sobretudo, à sua capacidade de gerenciá-los, dividi-los com outras pessoas. Apropriar-se desses conhecimentos e só assim bem utilizá-los em benefício próprio, inovando e empreendendo através deles.

O mundo globalizado e o mercado de trabalho buscam incansavelmente pelo empreendedorismo e a inovação. Isso porque acredita-se que o indivíduo que possua essas competências esteja mais apto a lidar com as inconstâncias e adversidades do mundo atual, consequentemente tornando-se mais competitivo também.

Assim, o indivíduo capaz de empreender e inovar é tido como aquele capaz de contribuir significativamente para o desenvolvimento de uma empresa. Quanto a isso é Dornelas (2001, apud Pellissari & Pietrovski. 2005. p. 2) que complementa dizendo que

o momento atual pode ser chamado de a era do empreendedorismo, pois são os empreendedores que estão eliminando barreiras comerciais e culturais, encurtando distâncias, globalizando e renovando os conceitos econômicos, criando novas relações de trabalho e novos empregos, quebrando paradigmas e gerando riqueza para a sociedade.

Inicialmente o empreendedorismo surgiu como uma forma de estimular o crescimento de empresas. Contudo, seu conceito é bem mais amplo. Conforme Barreto (apud Ferrari et alli , 2001, p. 2)

Empreendedorismo é a habilidade de criar e constituir algo a partir de muito pouco ou do quase nada. Fundamentalmente, o empreender é um ato criativo. É a concentração de energia no iniciar e continuar um empreendimento. É o desenvolver de uma organização em oposição a observá-la, analisá-la ou descrevê-la. Mas é também a sensibilidade individual para perceber uma oportunidade quando outros enxergam caos, contradição e confusão. É o possuir de competências para descobrir e controlar recursos aplicando-o de forma criativa.

Em vista de todas essas características o empreendedorismo tem ganhado tanto destaque e importância que deixou de ser visto apenas como uma qualidade relacionada ao mundo empresarial.

Atualmente o empreendedorismo passou a ser considerado como uma característica fundamental que “(...) se apresentará nesse século como uma verdadeira revolução social, comparada à Revolução Industrial do século passado.” (Terra, 2008. p. 1). Diante disso, Pellissari & Pietrovski ( 2005. p. 2) afirmam que

o momento atual é propício para o surgimento de novos empreendedores, fortalecendo o seu papel na sociedade, participante das mudanças e inovações, com traços marcantes e característicos em sua personalidade.

O termo empreendedorismo está intimamente ligado à inovação. No tocante a essa relação, Kaufmann (1990 apud Cruz Junior, 2006, p. 6) ressalta que

“(...) a capacidade empreendedora está na habilidade de inovar, de se expor a riscos de maneira inteligente, e de se ajustar às rápidas e contínuas mudanças do ambiente de forma rápida e eficiente”.

Se a capacidade de empreender se constrói na habilidade de inovar, é possível dizer que ambas se complementam.

Em meio a competitividade a inovação surge como uma importante ferramenta, capaz de promover a valorização do indivíduo. Fica difícil compreender o empreendedorismo sem a inovação. Há uma espécie de interdependência entre ambos, uma necessidade. E pode-se ir mais além, dizendo que para ser empreendedor, é preciso antes ser inovador.

Diante disso, fica evidente a necessidade do empreendedorismo e da inovação frente do cenário mundial atual. Necessidades que surgem como forma do indivíduo buscar o seu lugar na sociedade e nela se inserir.

O empreendedorismo e a inovação estão ligados à criatividade, à novidade, ao sucesso pessoal e ao desenvolvimento individual e coletivo. Ambos são palavras-chave para quem precisa viver e sobreviver no mundo globalizado.

* Pedagoga (Universidade Federal de São João Del Rei), Especialista em Educação Empreendedora (Universidade Federal de São João Del Rei), Gestão Pública Municipal Integrada (Universidade federal de Juiz de Fora) e em Alfabetização e Letramento (Universidade Federal de São João Del Rei), professora da rede municipal de São João Dei Rei/MG, com vasta experiência em Educação Infantil, direção e planejamento escolar.



Referências:

FERRARI, Fernanda B. & outros. O ensino a distância como uma ferramenta para empreender na educação. In: XXIX Congresso Brasileiro de Ensino de Engenharia, 2001, Porto Alegre. Experiências Concretas no Ensino de Engenharia - COBENGE 2001.

TERRA, Branca. O empreendedorismo e a inovação tecnológica. 2008. Artigo disponível em http://www.venturecapital.gov.br/vcn/empreendedorismo_CR.asp - 35k - Acesso em 21/10/08.

PELLISSARI, João Marcos Moretti & PIETROVISK, Eliane Fernandes. Incubadora – papel fundamental na vida de um jovem empreendedor. Curitiba. 2005. Artigo disponível em: http://www.pg.cefetpr.br/setor/incubadora/wp-content/themes/3o_epege/Incubadora%20papel%20fundamental_Joao%20Marcos%20Pelissari.pdf. Acesso em 23/03/09





quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Primeiro mestrado a distância foca professor da rede pública

O exame nacional de acesso ao programa de Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional (Profmat) selecionará candidatos para 1152 vagas. A prova consiste de 35 questões de múltipla escolha e três discursivas e está marcada para dia 19 de fevereiro, das 13 às 17 horas. O mestrado profissional é oferecido prioritariamente para professores das redes públicas de educação básica da área de matemática.

O Profmat é o primeiro mestrado profissional a distância dentro do sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB) e será realizado por uma rede de 54 instituições de ensino superior em todas as regiões do país. O programa será coordenado pela Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que fornecerá uma bolsa de estudos aos mestrandos.

O curso é composto de períodos semipresenciais, nos quais as disciplinas têm duração de 12 semanas. As atividades presenciais de cada disciplina semipresencial ocorrem todas as semanas, em todos os polos de atendimento designados pelas instituições associadas. Tais atividades têm duração de três horas por semana, na sexta-feira, sábado ou domingo.

As atividades a distância podem ser realizadas pelo discente nos polos de atendimento ou na sua própria residência, com o apoio das instituições e de material didático elaborado e distribuído gratuitamente, e são fundamentais para o bom desempenho do discente na disciplina. A duração estimada é de quatro a seis horas por semana para cada disciplina.

Em janeiro e fevereiro as atividades serão ministradas apenas em regime presencial, nos polos das instituições associadas participantes do Profmat. O calendário será definido pelas instituições associadas, para adaptação ao período de férias escolares em sua região. Devem durar quatro semanas e para cada disciplina haverá uma aula por dia, em todos os dias úteis, com três horas de duração.

O mestrado profissional enfatiza estudos e técnicas diretamente voltadas para uma qualificação profissional de alto nível, mas garante as mesmas prerrogativas do mestrado acadêmico. Pretende promover a formação continuada de professores das redes públicas de educação, no nível de pós-graduação, com uso de tecnologias de educação a distância, e está em consonância com o Plano Nacional de Educação para o decênio 2011-2020.

Acesse outras informações sobre o Profmat na página da Sociedade Brasileira de Matemática.

Texto: Diego Rocha












10 MIL VAGAS: CURSOS GRATUITOS DE EXTENSÃO A DISTÂNCIA!

Os cursos oferecidos pela Diretoria de Extensão da Fundação Cecierj são voltados, principalmente, para a atualização e o aperfeiçoamento de docentes que atuam nos ensinos médio e fundamental. Seu corpo docente é formado por profissionais qualificados, com larga experiência na modalidade de ensino a distância adotada.
Inscrições abertas até dia 14 de fevereiro.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Pedagogia Empreendedora

A Pedagogia Empreendedora adota a construção do sonho coletivo como a primeira etapa no caminho de definição do futuro. Segundo Dolabela (2003) a “estratégia da Pedagogia Empreendedora funda-se em estimular o sonho”, não interferir na construção nem na realização deste, oferecendo apenas “orientação e meios para desenvolver as competências e habilidades para formulá-lo e buscar realizá-lo”. Por abordar o desenvolvimento de capital humano e social, a prática da Pedagogia Empreendedora é o trabalho que deve acontecer juntamente ou anteriormente à aplicação de tecnologias de desenvolvimento.

A implantação da visão empreendedora nas escolas pode ser de grande valia como instrumento de transformação social, por proporcionar à sociedade agentes empreendedores, o qual acredita-se que eles são os impulsionadores da inovação e da criação de riqueza, ajudando a sustentar economias e comunidades em todo mundo. Segundo Bolson (2006, p. 1)

trabalhar o empreendedorismo com crianças é fundamental. Ele é o suporte para o início de uma mudança cultural. É preciso começar, desde tenra idade, a forjar atitudes empreendedoras e mentes planejadoras nas pessoas. A disseminação de uma cultura empreendedora nas escolas poderia modificar os espíritos acomodados, típicos de grande parte da população brasileira. Poderia modificar também o pensamento de origem espiritual, determinista, de muitos brasileiros. São aqueles pensamentos que imobilizam, que roubam a pro-atividade, que jogam o futuro nas mãos de um destino previamente desenhado, ou então, nas forças de alguma divindade que, pretensamente, a tudo e a todos conduz. Poderia ajudar a valorizar mais a figura do empreendedor individual.

O empreendedorismo não é privilégio nas classes mais altas, ele está ao alcance de todos, desde que se tenha um sonho para sonhar e realizar. Dolabela (2003, p. 36) afirma que “a busca constante de realização do sonho é fonte de geração e manutenção do nível emocional que dá ao indivíduo a capacidade de persistir e continuar, apesar dos obstáculos, erros e resultados indesejáveis que encontrar”. Esse realizar baseia-se na inovação ou capacidade de criação ou re-criação do já existente, qualidade inata em nós, que deveria ser incentivada e trabalhada.

A visão empreendedora nas escolas públicas seria muito interessante, na medida em que poderia quebrar tabus e abrir novas perspectivas de realização profissional para alunos que possuem uma visão de futuro um pouco pessimista, em relação às oportunidades de serem indivíduos realizados e felizes.

Dessa forma o empreendedorismo na escola pode contribuir para o resgate da auto-estima de nossos estudantes, descortinando para eles um mundo mais esperançoso, com oportunidades reais de realização pessoal. O terceiro setor (ONGS) tem contribuído de forma paralela na formação de cidadãos empreendedores, mas a responsabilidade poderia ser das instituições públicas que estariam cumprindo com as obrigações sociais. Se ser empreendedor é ser protagonista da própria vida, a escola deveria desenvolver essa mentalidade de construção criativa de seu próprio futuro, como agentes de transformação social.


DOLABELA, Fernando. Pedagogia Empreendedora. São Paulo: Cultura, 2003.

BOLSON, Luiz Eder, A educação é o único caminho para criar uma sociedade mais empreendedora no Brasil. Rio Grande do Sul, 2006. Disponível em: http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/educacao-empreendedora/786/

Conheça o Museu da Pessoa

O Museu da Pessoa é um museu virtual de histórias de vida aberto à participação gratuita de toda pessoa que queira compartilhar sua história. Vale a pena conferir!

http://museudapessoa.net/index.shtml

Curso gratuito para atuar como agente comunitário de cultura recebe inscrições em SP

A Associação Escola Aprendiz abre inscrições, a partir de 21 de fevereiro de 2011, para o curso Trilhas Urbanas. Destinado aos jovens com idade entre 14 e 18 anos, o projeto permite que os adolescentes participem de oficinas como pintura, desenho, escultura e escrita. O curso é gratuito.

As oficinas estarão aliadas ao estudo e mapeamento de territórios da cidade. Produções e pesquisas servirão de subsídio para as intervenções culturais a serem elaboradas e executadas pelos próprios jovens.

O objetivo do projeto é estimular que os adolescentes sejam facilitadores de um processo de desenvolvimento local, atuando como agentes comunitários de cultura. As atividades iniciam em 15 de março. Serão oferecidos certificado, material, transporte e lanche.

O Projeto Trilhas Urbanas 2011 terá duração de um semestre e ocorrerá as terças e quintas, das 14h às 17h, na Rua Padre João Gonçalves, nº 100, Vila Madalena, São Paulo (SP).

As inscrições deverão ser feitas por telefone: (11) 3813-8670/7842. Para dúvidas, também entre em contato. Falar com Edgar.






terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Empreendedorismo e educação

Desde o final do último século o mundo vem passando por mudanças consideráveis em diversos contextos, Saraiva (1999) aponta a globalização da economia como um exemplo marcante dessa mudança, como uma espécie de reafirmação do capitalismo. A autora afirma que mais do que isso, a globalização trouxe consigo mudanças em diversos outros setores, como na política, na educação, na tecnologia entre outras.

O mundo globalizado está ao alcance de todos e em vista disso, Silva et al.(2008) afirmam que “a sociedade passa a exigir então que seus indivíduos desenvolvam um espírito competitivo de forma a sobreviver principalmente à instabilidade do mercado atual, que sofre constantes mudanças”. É preciso ainda que se tenha a versatilidade de se adequar a cada uma delas, “sabendo administrá-las de forma positiva”.

Percebe-se que não é apenas a formação profissional ou a experiência que importam no mercado de trabalho, e sim, as características e habilidades que o indivíduo traz consigo, Dornelas (2005) diz que hoje em dia as pessoas não precisam apenas saber fazer algo. Precisam ser alguém: uma pessoa dinâmica, criativa e acima de tudo bem informada. Capaz de gerenciar ser conhecimentos e conflitos, habilidosa nas relações interpessoais e acima de tudo pronta a enfrentar os mais diversos desafios do mundo moderno. O autor conclui que o acesso à informação nunca foi tão facilitado, devido, inclusive, aos avanços tecnológicos. O conhecimento hoje vale muito na sociedade polivalente, globalizada e conseqüentemente competitiva.

E em meio a tudo isso o empreendedorismo aparece semelhante a uma palavra de ordem. Segundo Cruz (2005) “empreendedorismo surgiu num contexto relativamente recente, há cerca de vinte anos nos Estados Unidos com o objetivo de estimular a criação de empresas de sucesso”. Para Terra (2008, p. 1) o empreendedorismo se apresentará nesse século como uma verdadeira revolução social, comparada à Revolução Industrial do século passado.

Barreto (1998 apud Martins, 2002, p. 4) traz uma ampla definição de empreendedorismo como sendo

(...) a habilidade de criar e constituir algo a partir de muito pouco ou do quase nada. Fundamentalmente, o empreender é um ato criativo. É a concentração de energia no iniciar e continuar um empreendimento. E o desenvolver de uma organização em oposição a observá-la, analisá-la ou descrevê-la. Mas também a sensibilidade individual para perceber uma oportunidade quando outros enxergam caos, contradição e confusão. É o possuir de competências para descobrir e controlar recursos aplicando-os de forma produtiva.

Entretanto, não se pode deixar de mencionar que a palavra empreendedor não se restringe apenas ao âmbito administrativo, fazendo menção apenas ao empresário. Ao contrário, como completa Martins (2002, p. 4)

Ser empreendedor hoje não significa necessariamente ser um empresário com grandes meios de produção. A palavra empreendedor, de sentido bastante amplo, no contexto aqui delineado, ressalta a introjeção de valores, atitudes, comportamentos, formas de percepção do mundo e de si mesmo, voltados para as atividades em que o risco, a capacidade de inovar, perseverar e de conviver com a incerteza são elementos indispensáveis.

Em conformidade com Dornelas (2001, apud Lucas Júnior, 2003, p. 4)

(...) o momento atual pode ser chamado de a era do empreendedorismo, pois são os empreendedores que estão eliminando barreiras comerciais e culturais, encurtando distâncias, globalizando e renovando os conceitos econômicos, criando novas relações de trabalho e novos empregos, quebrando paradigmas e gerando riqueza para a sociedade.

Ao longo dos anos os conceitos foram sofrendo críticas e reformulações, mesmo para pôr fim a significados errôneos e equivocados pertencentes ao senso comum.

Longen (1997 apud Ottoboni, 2003, p. 7) observa que ainda hoje não há um consenso quanto à definição do termo. Ainda em conformidade com essa autora

(...)somente em 1911, com Joseph A. Schumpeter, é que a conotação de empreendedor adquiriu um novo significado, ou seja, o empreendedor é o responsável pelo processo de destruição criativa, sendo o impulso fundamental que aciona e mantém em marcha o motor capitalista, criando, constantemente, novos produtos, novos métodos de produção, novos mercados e, implacavelmente, sobrepondo-se aos antigos métodos menos eficientes e mais caros.

Drucker (1999 apud Ottoboni, 2003) afirma “que necessitamos de uma sociedade empreendedora, na qual a inovação e o empreendimento sejam normais, estáveis e contínuos”. Santos (2004) acrescenta que “precisa-se de uma sociedade apta a vencer os obstáculos existentes, capaz de desenvolver uma produtividade positiva, superando os efeitos negativos da instabilidade do mercado”. Ou seja: uma sociedade capaz de empreender e de inovar. Capaz de buscar soluções inovadoras para os problemas cotidianos, “encontrar caminhos a partir de novas perspectivas”. Abrir caminhos por lugares ainda não conhecidos. Compreende-se então, que empreendedorismo e a inovação são dois termos importantes que andam juntos apesar de terem significados diferentes.

Entende-se que não é de todo necessário ser inovador para ser empreendedor, contudo o inovador, por si só já é um empreendedor. Ele não tem medo, rompe paradigmas e vai à caça do sucesso, buscando concretizar seus sonhos. Kaufmann (1990 apud Cruz Junior, 2006, p. 6) “enfatiza que a capacidade empreendedora está na habilidade de inovar, de se expor a riscos de maneira inteligente, e de se ajustar às rápidas e contínuas mudanças do ambiente de forma rápida e eficiente”. Assim, tem-se que todo empreendedor é um inovador, não tem medo de inovar, superas os riscos e dificuldades em busca de coisas novas.

Ainda que o mundo esteja fortemente marcado pelo avanço tecnológico, existem habilidades comuns apenas aos seres humanos e através delas as pessoas são cada vez mais valorizadas, mesmo porque, como já foi mencionado o maior de todos os recursos é considerado hoje o conhecimento. Contudo afirma Rowley (1999, p. 428) “que a gestão do conhecimento ainda se consiste num desafio. Não adianta apenas tê-lo. É preciso que se saiba refiná-lo em meio a tantas informações, buscar fontes seguras, conhecimentos mais sólidos e melhor embasados”. É necessário também saber usá-lo de forma inteligente, inovadora e empreendedora.

A capacidade de inovação é uma das que mais se destacam comumente. Segundo Britto (2003, p. 58) “num mundo onde o conhecimento é extremamente valorizado, a inovação se destaca, sobressai. Torna o indivíduo mais apto à competitividade”. Essa capacidade então concede ao indivíduo o chamado “jogo de cintura” capaz de auxiliá-lo em frente às situações mais delicadas, de forma que saia vitorioso sobre elas. No entanto, inovação e criatividade também seguem juntas. De acordo com Terra (2007, p. 3) “pode-se afirmar que quem inova, cria”. O autor completa

A criatividade é uma das mais cobiçadas características do mercado de trabalho, e é intimamente ligada à inovação. Inovação e criatividade se completam. Não há como não ser inovador quando se é criativo, quando se rompe paradigmas e se busca soluções diferenciadas para a solução de problemas existentes.

Quanto a isso Dolabela (2001, p. 1) afirma que “pessoas criativas e auto-suficientes devem contribuir para a criação de uma sociedade empreendedora. Estas devem gostar de desafios e saber alterar a mentalidade social.” Assim sendo, parece que não basta ser inovador nem criativo para si. Há uma necessidade de sê-lo para o mundo. Para a comunidade em que vive, sempre visando contribuir de alguma forma. Ainda no que diz respeito a uma ligação entre esses dois termos, inovação e criatividade, Amorim (2007, p. 4) vem dizer que

A inovação é dependente da criatividade, que surge da interação dos pensamentos de uma pessoa com um contexto sócio-cultural. Trata-se de um fenômeno sistêmico ao invés de um fenômeno individual e, por isso, deve ser elaborada de maneira a ser compreensível por outros.

Para Terra (2008, p. 4) “a inovação e a criatividade, portanto, por si só nada representam. Precisam de um sentido, de um significado para que tenham valia para outras pessoas, não apenas para o inovador”. Daí vem a importância do espírito empreendedor articulando uma inovação empreendedora. No intuito de se buscar um esclarecimento maior acerca da inovação empreendedora, recorreu-se a Lucas Junior (2003, p. 3), que explica o termo como sendo

algo inerente ao próprio processo empreendedor, quando as necessidades do dia a dia forçam a tomada de decisão. Ou seja, a inovação está nas oportunidades diárias, riscos atribuídos e tomados, diversidades culturais, religiosas, política e principalmente que se deve mudar. A mudança permite que a inovação faça parte do processo empreendedor.

A inovação parece, portanto necessária num cenário competitivo. No entanto, precisa ser bem empreendida, para que não se perca, nem perca o seu sentido. A inovação pode ser o diferencial entre uma e outra pessoa, marcada pelo espírito empreendedor.

Fica evidente que profissionais bem preparados tendem a enfrentar com maior facilidade os constantes desafios da economia globalizada e atualmente volátil, diante da crise econômica mundial atual. Mas como se prepara um profissional capaz de sobreviver a tantas instabilidades? Diante disto a educação pode despontar com destaque, tendo em vista o importante papel que representa na sociedade, sobretudo relacionado à bem preparar o indivíduo para a vida.

Referências :

BRITTO, Francisco; WEVER, Luiz. Empreendedores brasileiros: vivendo e aprendendo com grandes nomes. Rio de Janeiro: Campus, 2003.

CRUZ JÚNIOR, João Benjamim & outros. Empreendedorismo e educação empreendedora: confrontação entre a teoria e prática. Artigo disponível em: http://www.oei.es/etp/empreendedorismo_educacao_emprendedora_cad.pdf Acesso em 14/08/09

CRUZ, Carlos Fernando. Os motivos que dificultam a ação empreendedora conforme o ciclo de vida das organizações. Um estudo de caso: Pramp’s lanchonete. 2005. 125 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, UFSC, Florianópolis.

DOLABELA, Fernando. O segredo de Luísa. Rio de Janeiro: Campus, 2001

DORNELAS, José Carlos Assis. É possível ensinar empreendedorismo? Artigo publicado no site EmpresaBrasil, e disponibilizado em: http://www.empresabrasil.com.br/artigos/index.php?destinocomum=noticia_mostra&id_noticias=6&id. Acesso em 19/09/09

___________. Empreendedorismo : transformando idéias em negócios. 2. ed. Rio de Janeiro, 2005.

LUCAS JÚNIOR, Gilberto Corrêa. A utilização da inovação e o espírito empreendedor em uma empresa familiar: um estudo de caso da Entrelinhas. Rio de Janeiro. 2003. Artigo disponível em http://pesquisaecia.blogspot.com/2007/10/empreendedor-empreendedorismo.html - 20k -. Acesso em 14/08/09

MARTINS, Anderson Mattos & outros. Um enfoque empreendedor para a educação a distância. Artigo apresentado no XXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Curitiba, 23 a 25 de outubro de 2002. Artigo disponível em http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2002_TR113_0190.pdf . Acesso em 23/09/09

_________, Conhecimento disponibilizado de forma assertiva: a inteligência empreendedora aplicada à educação. Salvador, 2003. Artigo disponível em: http://www.smec.salvador.ba.gov.br/site/documentos/espacovirtual/espaco...II/.../conhecimentodisponibilizadodeformaassertiva.pdf . Acesso em 14/08/09

OTTOBONI, Célia. Empreendedorismo como metodologia inovadora de ensino – um estudo de caso. Anais do VI SEMEAD. São Paulo: FEA/USP, 2003. Artigo disponível em: http://www.ead.fea.usp.br/Semead/10semead/sistema/resultado/trabalhosPDF/574.pdf Acesso em 18/09/09

STEPHANOU, Luis; Muller, Lúcia Helena; Carvalho, Isabel Cristina de Moura. Guia para a elaboração de projetos sociais. Porto Alegre. Editora Sinodal e Fundação Luterana de Diaconia. 2003.

TERRA, Branca. O empreendedorismo e a inovação tecnológica. 2008. Artigo disponível em http://www.venturecapital.gov.br/vcn/empreendedorismo_CR.asp - 35k - Acesso em 21/10/09.

ROWLEY, J. What is Knowledge Management? Library Management, V. 20, N. 8, p. 426 -419, 1999.

SARAIVA, Miriam Gomes. "Os processos de Integração Latino-Americanos e Europeu. As Experiências dos Anos 60 e o Modelo de Integração com Abertura Econômica dos Anos 90". Revista Internacional de Estudos Políticos, vol. 1, n.1, 1999.

SILVA, Luiz França et al. A competência e a arte de empreender. Disponível em:
http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/bds.nsf/d086c43daf01071b03256ebe004897a0/21955e640a5c419d03256e3f0068e7c3/$FILE/NT0003C856.pdf. Acesso em: 08 set.2009.